O segundo dia da tomada de posse administrativa de 35 construções no núcleo do Farol decorreu, esta quinta-feira, sob um clima de grande tensão e muitos protestos na ria Formosa.
Quarenta agentes da Polícia Marítima acompanharam a marcação de casas que podem vir a ser demolidas, sob o olhar indignado e frustrado dos proprietários e moradores do núcleo do Farol.
Para o dia 2 de março está ainda prevista a tomada de posse de 22 construções no núcleo dos Hangares.
Face a este cenário, a Câmara de Faro aprovou uma moção, na semana passada, que exige o fim das demolições nas ilhas-barreira. A moção “Não às demolições, sim à requalificação!” foi apresentada pelo PCP e obteve os votos a favor do vereador da CDU e dos vereadores da Coligação Juntos por Faro e o voto contra dos vereadores do PS.
“O reconhecimento do valor social, económico, histórico e cultural dos núcleos urbanos das ilhas-barreira da ria Formosa e a tradução desse reconhecimento nos diversos instrumentos de planeamento e ordenamento do território, não foram assumidos pelo Partido Socialista”, lê-se na moção aprovada por maioria pela Câmara de Faro.
No documento, a autarquia volta a exigir ao Governo que reoriente a Sociedade Polis Litoral Ria Formosa para “um rumo diferente de atuação” e ponha fim ao processo de demolição de habitações. Por outro lado, exige que se avance com o processo de requalificação de todos os núcleos urbanos e dos espaços balneares em causa.
“O PS prometeu que protegeria as habitações”
Também a líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, esteve no passado fim de semana no núcleo do Farol, na Ilha da Culatra, onde pediu ao Governo que cumpra o que o PS prometeu durante a campanha eleitoral e proteja as habitações sinalizadas para demolição nas ilhas-barreira.
“O Partido Socialista prometeu nas eleições a estas populações que protegeria as suas habitações e, por isso, nós estamos de acordo com o Governo nesta matéria”, disse Catarina Martins.
Recorde-se que, em fevereiro de 2016, o parlamento aprovou um projeto de resolução do PS que recomendava ao Governo “a requalificação e valorização da ria Formosa” e rejeitou outros dois, do BE e do PCP, que pretendiam travar as demolições nas ilhas-barreira.
NC|JA