2020 – Covid 19 – 2021

Costumo na última crónica de cada ano, fazer uma espécie de resumo do que se passou durante esse ano, e cogitar o que poderá ocorrer no ano seguinte. Este ano, a tarefa está facilitada para a elaboração da primeira parte, mas muito dificil para a segunda. Quanto a este ano, a “estrela” foi o Covid 19 que de (20)19 só teve mesmo o surgimento do vírus. Tudo o que de relevante ocorreu com o Covid 19, ocorreu durante 2020, e tudo o que ocorreu em 2020, teve a marca do tal de SARS-CoV-2, o célebre vírus na origem do Covid 19. Em 2020, nem o Brexit, cuja fase final começou a 31 de Janeiro teve qualquer avanço! Passados quase 11 meses, parece que o Covid 19 paralisou tudo! Até os Coletes Amarelos franceses parecem também ter diminuído de intensidade protestatária! Só mesmo a luta anti-racista norte-americana parece ter recrudescido. A morte de George Floyd ao joelho de um polícia branco, sem motivo plausível nem justificação, parece ter ateado tensões acumuladas pelos confinamentos, pelas quebras de rendimentos e pelas evidentes contradições em que a luta anti-covid americana tem vivido. A um presidente intelectualmente ignorante, politicamente prepotente, programaticamente errático e incapaz de perceber a verdadeira dimensão da pandemia, mas com uma capacidade de mobilização popular imensa, opunham-se preocupados profissionais de saúde, governadores e presidentes de câmaras (mayors) de ambos os partidos. As ordens de uns e contra-ordens de outro (que até aos próprios especialistas por si escolhidos contradizia), tiveram como resultado a confusão completa e o desvario, com o consequente agravar de toda a situação sanitária norte-americana. Como resultado e, não obstante a segunda maior votação de todos os tempos obtida por Donald Trump, Joe Biden ganha a eleições com a maior votação de todos os tempos! Isto, no mais escrutinado plebiscito de toda a História americana. Como sinal de evidente irracionalidade e inconsciência, o candidato derrotado continua a contestar os resultados apodando-os de fraudulentos, sem apresentar uma única prova do que afirma. E assim se encerra o ano de 2020!


2021 parece-me particularmente dificil de prever, mas creio que algumas nuvens escuras se adensarão no horizonte: as várias economias mundiais estão de rastos graças aos confinamentos e paragens descompassadas das suas máquinas produtivas, e a situação ainda não estará resolvida nos primeiros meses do ano. Se, por um lado, se entendeu que muito do que é produzido no Mundo não é essencial à vida, por outro as bolsas de pobreza alastraram enormemente, potenciando o aumento da subnutrição no planeta e os consequentes aumentos de mortes e de problemas de saúde pública. Agravando isto, as forças que “fabricaram” Trump abriram também a porta às supremacias étnicas (brancas ou outras, como é o caso dos rohingya de Mianmar, dos arménios ou até dos índios do Brasil) com isso potenciando os clássicos ódios interétnicos. As guerras económicas fomentadas pela última administração americana, ainda se farão claramente sentir e, embora seja intenção do novo presidente unificar o país, não é claro que tal seja fácil ou rápido, até porque o presidente cessante continuará a acicatar os seus apoiantes (ele assim ameaçou) contra tudo. Veremos. No resto do Mundo, não surpreenderá que, dadas as novas condições, as questões territoriais e autonómicas venham a ter novos desenvolvimentos e a criar novas tensões. Catalunha, Irlanda e Escócia, Curdistão, Faixa de Gaza e Caxemira por exemplo, poderão ver “aquecidas” as suas situações. A pandemia, embora seja previsível o seu abrandamento, também deixará graves sequelas, desde as inúmeras situações de falências de empresas e de quebras de rendimento das famílias, até aos problemas psíquicos daí resultantes. Das sequelas da própria doença ainda pouco se sabe, mas já se conhecem casos de alterações de comportamento e de diminuição das faculdades dos atingidos. Esperemos, contudo, que essa não seja a regra. Como factores positivos, a súbita tomada de consciência de que é possível alterar o rumo que o Mundo tem levado em termos de consumo de recursos naturais e de poluição, e o despertar de novas formas mais harmoniosas de vida. O que não poderemos é pensar que tudo vai ser como dantes, e que a reorganização do mundo que conhecemos será tarefa fácil e rápida! Mas creio que valerá a pena! Veremos o que sucede neste novo ano de 2021, que vos desejo auspicioso e melhor que o esperado!

Fernando Pinto

Arquiteto

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