A economia da serra

Fernando Reis
Fernando Reishttps://www.jornaldoalgarve.pt
Director do Jornal do Algarve. Carteira Profissional - 587 A Portugal

A economia da serra

 

 

O primeiro congresso sobre o medronho no âmbito do Festival do Medronho, a realizar em Monchique no próximo dia 20, que permitirá, seguramente, aprofundar as potencialidades deste fruto como importante alavanca da economia da serra algarvia, leva-nos a refletir sobre o quanto os produtos regionais podem contribuir para o crescimento da nossa economia, gerando emprego e riqueza.
Sendo o Algarve uma região turística por excelência, aliás a principal região turística do país e sendo esta atividade o motor da economia algarvia, sempre concordámos que o Algarve não deve viver, apenas, do turismo. Felizmente, registamos, cada vez com maior agrado, o aproveitamento de produtos regionais, como o medronho, como fator de valorização dos produtos endógenes da serra algarvia, de fixação das pessoas à terra e um complemento importante da economia do turismo.
Mas quem diz o medronho, diz a laranja, o mel, a alfarroba, os enchidos, a batata doce de Aljezur, a laranja, os vinhos – em franco progresso e melhoria qualitativa, premiados em concursos nacionais e internacionais – o sal, a doçaria, o polvo de Santa Luzia, os perceves de Vila do Bispo e o marisco, de que Olhão é capital. E a estes podemos juntar a horto-fruticultura tradicional, o cultivo de novos frutos, como os agriões, o morango e os frutos vermelhos que, beneficiando das condições ímpares dos nossos solos e clima, vêm conquistando, com bastante sucesso, o mercado nacional e internacional, sendo de sublinhar o importante papel dos jovens agricultores no desenvolvimento desta actividade. Pena é que tenhamos abandonado a apanha e comercialização da nossa amêndoa e muitos olivais estejam votados ao abandono.
Infelizmente, apesar da proteção comunitária de algumas destas nossas preciosidades, através de denominações de origem e indicações geográficas protegidas, a nossa laranja e a nossa gamba continuam a ser vendidas no mercado espanhol e internacional como “laranja espanhola” e “gamba de Huelva”, um pouco à semelhança do que acontece no turismo, em que “nuestros hermanos” se apropriaram da marca Algarve, para venderem a sua oferta turística, como “Spanish Algarve”.
Mesmo que isto mexa com muitos interesses, está na hora dos nossos responsáveis acabarem com este abuso, repetidamente denunciado. Ou não?

Fernando Reis

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