A gala dos 25 anos do Olímpico clube de Lagos trouxe para a ribalta as raízes
do passado, as figuras do presente e os sonhos que o futuro faz acreditar

Quando com uma mão cheia de jovens, que não passariam do «grupo dos cinco», quase todos ligados pelo cordão umbilical de família, resolveram criar um clube para a prática do atletismo em Lagos, corria então o ano de 1997, seguramente que as ideias não passariam de um sonho, quando ainda tinham passado apenas metade de um tempo, vinte e três anos depois de Abril, em que se poderiam sustentar sinais claros da Democracia.
Para trás tinham ficado os primeiros anos de Abril e os recuos e avanços do PREC; os governos que caiam como baralhos de cartas; Pinheiro de Azevedo, a gritar do alto da sua janela, virada de frente para o «cavalo de D. José», ancorado no Terreiro do Paço: «O Povo é sereno. Isto é só fumaça».
Claro que também tinham acabado as licenças de isqueiro, para o Estado Novo, um animal perigoso, mas esta era ainda uma das promessas cumpridas pelos «Eleitos da Revolução», também inspirados por «Chove em Santiago».
Aparece depois Ramalho Eanes, que chamaria Maria de Lurdes Pintassilgo, para liderar um governo presidencialista, isto, porque dias antes, Mota Pinto, depois de visitar, aquele que viria a ser o Hospital Distrital de Faro, a quem o seu governo disponibilizou 500 contos, para o que, desse e viesse e um com um parto complicado para nascer, o Primeiro-Ministro, depois de ouvir na rádio que o PCP se preparava para no dia seguinte apresentar um moção de censura ao seu governo, pediu ao motorista, para guinar o carro para a sua residência particular e apresentou a sua demissão.

Júlio Barroso, Joaquina Matos (actual Presidente da Assembleia Municipal), e José Valentim Rosado, três anteriores autarcas lacobrigenses que com tanto carinho apoiaram o OC de Lagos

Por essa altura também o associativismo e a massificação desportiva, sob a égide da Direcção Geral dos Desportos, eram norteados por muita documentação, que tinha a ver com o movimento desportivo da República Democrática Alemã e da própria União Soviética.
Estávamos então em 1979 e dezoito anos depois, sem se descontrolar com os ainda acentuados ziguezagues  da democracia, a 17 de julho de 1997 nascia o Olímpico Clube de Lagos, que semanas depois, já somava títulos como o melhor da sua rua, do seu bairro, da sua cidade e com o sonho de ser o melhor do Algarve.
Lagos tinha então, embora já com 45 anos de idade, Carlos Cabral, ao longo de muitos anos, o «grande farol dos atletismo lacobrigense, algarvio e português,» cabia agora ao OC de Lagos, vir para a estrada para o corta-mato, para as pistas, dar um novo sonho, aos atletas e homens (homens e mulheres), aos jovens lacobrigenses.
Foi a história deste longo sonho começado em 1997 e como José Valentim Rosado, na presidência da Câmara Municipal de Lagos e Jorge Candeias Santos, na presidência do OCL, que no passada sexta-feira, dia 22, e no cenário do Centro Cultural de Lagos, a cidade viveu com intensidade e muita juventude, até bebés de colo, que ali estiveram com uma autorização muito especial, as raízes do passado, as figuras do presente, e os sonhos que o futuro faz acreditar.

Momento de grande emoção, com Jorge Candeias Santos, rodeado pelos netos e filhos

E a tarde/noite começou mais ou menos, com o anúncio, pela voz de Fátima Peres, uma enorme profissional da rádio, que deu mais brilho à Gala, que o «Olímpico Clube de Lagos foi fundado no dia 15 de julho de 1997, por um grupo de atletas, que decidiram criar em Lagos um clube dedicado exclusivamente ao atletismo».
O seu nome surgiu numa ligação aos ideais olímpicos, tendo como sonho inicial ter um atleta nos jogos olímpicos. Ainda não aconteceu, mas o sonho continua vivo, mas não altera as origens, de um clube família…
O clube tem tido um crescimento notável ao longo dos tempos, sendo uma referência regional e nacional, quer na vertente de competição, como na organização de eventos, sobretudo, na disciplina do corta-mato e meias-maratonas.
Para além de mais de 300 títulos regionais e nacionais, o clube sempre se evidenciou pela vertente social e de solidariedade, marcando a vida de muitas pessoas ao longo da sua existência (tendo até surgido namoros e casamentos), e foi esta e muitas outras histórias, que encheram ao longo de quase duas horas o coração das quase três centenas de pessoas, atletas, familiares, dirigentes e amigos do clube, que vibraram com os 25 anos do Olímpico Clube de Lagos.
Pelo palco do Centro Cultural de Lagos passaram imagens da história e da memória, de homens e mulheres, dirigentes e aletas, autarcas actuais e do passado, que nunca negaram o clube e tudo fizeram para a promoção da sua história e a continuidade do seu futuro.
Tudo começou com a presença dos sócios fundadores, que no dia distante de 15 de Julho de 1997, concretizaram o sonho: Jorge Candeias, Maria do Céu Santos, Fernando Candeias e Ana Santos, que receberam das mãos do presidente do clube, Jorge Candeias Santos, um PIN de reconhecimento alusivo aos 25 anos.

Sandra Oliveira, vereadora da CM de Lagos, no uso da palavra

Também não foram esquecidas as teias de patrocinadores, que ao longo dos anos têm dado importantes contributos à vida e obra do clube.
De igual modo os actuais dirigentes: Sofia Dias, André Santos, Ricardo Santos, Ricardo Furtado, Maria Felício, Maria do Céu, Ana Santos e Joana Santos, e o próprio Jorge Candeias, que entregou a todos, inclusive a si próprio, o PIN dos 25 anos.
Também no palco da glória do Olímpico de Lagos estiveram duas mãos cheia de atletas, que também ajudaram à expansão e prestígio do clube, no panorama nacional e internacional: André Martins, Luís Ginja, Carlos Calado, Isabel Moreira, Carlos Barros Cabral, André Santos, Margarida Seromenho, Bobbie Batista, Mário Pedro Rodrigues, Rui Guerreiro, Rute Catarino, Emanuel Loureiro, Rui Macedo, Pedro Caetano, Luís Alfarroba, Luís Santos, António Silva e Mário Felício.
Mas os dois momentos mais altos, numa noite cheia de fascínio, sonhos e ambições, foram as homenagens a Sofia Dias e a Carlos Candeias Santos.

Olga Maria, Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, usa da palavra, tendo a seu lado Jorge
Candeias Santos, Presidente do OCL

Tanto Sofia Dias, como Carlos Candeias Santos, agradeceram emocionados e não esqueceram todos os contributos, de um clube que sempre correu e saltou como uma família e assim irá prosseguir as suas corridas e os seus saltos.
Mas o momento de se sentir vários corações a bater ao mesmo tempo, aconteceu quando Jorge Santos se viu rodeado dos netos, num encantamento tão quente, capaz de derreter o maior dos icebergues…

José Valentim Rosado, pede à presidente da Assembleia Municipal o justo reconhecimento e mérito, que é devido ao OCL e homenageou Neto Gomes, o autor destas linhas
No final usariam ainda da palavra, Júlio Barroso, antigo Presidente da Câmara Municipal de Lagos, José Valentim Rosado, igualmente antigo presidente do município lacobrigense, que curiosamente além de enaltecer a vida do clube, se permitiu a deixar uma espécie de recado a Joaquina Matos, de igual modo, antiga presidente do município e actual Presidente da Assembleia Municipal, no sentido do clube merecer o mais justo reconhecimento e mérito, por parte da autarquia.
Antes de finalizar, José Valentim Rosado, homenageou o autor destas linhas, seu velho amigo e antigo colaborador, quando da sua governação do Algarve, quando no desempenho das funções de representante da Prevenção do Rodoviária Portuguesa, onde no seu entender, realizou um trabalho único…
Em representação do presidente da Câmara e de todo o executivo, usou da palavra a vereadora Sandra Oliveira, que se congratulou com os sucessos do clube e da sua história, considerando de grande significado para a cidade e para o desporto. E do mesmo modo se enaltecem as palavras Olga Maria, da junta de freguesia de São Gonçalo de Lagos.
Joaquina Matos, Presidente da Assembleia Municipal, depois de se congratular com os 25 anos do OCL, manifestou o desejo de continuar a apoiar o trabalho realizado pelo clube, também na sua importância desportiva e social, e de tudo fazer, para que o clube seja reconhecido pelo seu trabalho e mérito.
Coube-me, como intruso e estranho ao próprio guião da Gala do OCL, usar da palavra, pelo facto de também ter sido distinguido pelo clube com um PIN, mas de igual modo para agradecer o convite e as palavras de José Valentim, não deixando todavia de enaltecer as velhas amizade, claro com Jorge Candeias Santos, presidente do OCL, mas também com Júlio Barroso e Joaquina Matos.
No final, depois dos parabéns a você, todos saborearam o bolo de aniversário, de um clube que é também o orgulho do próprio Algarve.

Neto Gomes

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