A manifestação do quase

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Só o esforço da organização e da polícia que guardava a escadaria impediu uma invasão semelhante à de novembro de 2013. Esta quinta-feira, foi notória a vontade de quase todos os envolvidos na manifestação em não permitir que semelhante situação se repetisse.

Num dos momentos mais tensos do protesto, quando os manifestantes derrubaram as barreiras e subiram parte dos degraus [20h35], foram os elementos da organização que ajudaram o Corpo de Intervenção a travar e impedir a subida.

De acordo com o comissário Rui Costa, porta-voz da PSP, foram detidos para identificação dois manifestantes e 10 pessoas foram assistidas – seis polícias e quatro manifestantes. Dos quatro manifestantes, dois foram transportados para o hospital. Ambos são guardas prisionais, um dos quais acabou por ficar detido.

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A manifestação esteve à beira de acabar em confrontos graves entre polícias de serviço e polícias em protesto. “Não subimos porque não queremos”, sublinharam alguns manifestantes.

A mobilização foi grande e mais de dez mil polícias protestaram contra os cortes orçamentais junto ao Parlamento. Muitos estavam de cara tapada, alguns alcoolizados, vários forçaram a subida da escadaria, mas nada de grave acabou por acontecer.

Paulo Rodrigues, da Comissão Coordenadora Permanente das Forças e Serviços de Segurança, organização que convocou a manifestação, diz que os momentos de tensão se devem à “justa indignação da polícia”.

“Chá e simpatia”

Durante o protesto, os dirigentes sindicais das forças policiais estiveram reunidos com a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves. “A conversa foi chá e simpatia. A presidente recebeu-nos, disse que compreendia os nossos problemas, mas não resolveu nada, como é óbvio. Convidei-a para desce até à manifestação, mas ficou-se pela porta”, conta Acácio Pereira, do SEF.

Para Peixoto Rodrigues, do sindicato da PSP, “a manifestação correu dentro das expectativas, teve muita adesão e até foi pacífica, porque não houve confrontos”. “Só espero que, a partir de agora, o Governo olhe para nós como verdadeiros profissionais de polícia”, acrescenta Peixoto Rodrigues.

César Nogueira, presidente Associação Profissionais da Guarda (APG) – que participou na reunião com a presidente da Assembleia da República -, disse ao Expresso que Assunção Esteves “prometeu fazer chegar as nossas reivindicações aos grupos parlamentares”. “Não foram dados ‘timings’, mas disseram-nos que seria o mais rápido que fosse possível.”

O dirigente da APG considera que a manifestação “correu bem”, devido à grande mobilização. “Estiveram cá entre 18 a 19 mil pessoas.”

Os sindicatos vão voltar à rua caso não sejam cumpridas as reivindicações, garante ainda César Nogueira.

Para Peixoto Rodrigues, dirigente do sindicato da PSP, houve uma “tentativa clara de violar a lei e invadir as escadarias”.

Só a Polícia Judiciária ficou fora do protesto

A Polícia Judiciária (PJ) foi a única força de segurança que não aderiu ao protesto. Carlos Anjos, ex-dirigente do sindicato da PJ, diz que houve “algum bom senso do Corpo de Intervenção” e está convencido que teria havido uma carga policial efetiva se os manifestantes não fossem polícias.

“O confronto entre colegas há uns anos correu mal. Esta não é a melhor forma de resolver os problemas.” Ainda assim, Carlos Anjos, que é atualmente presidente da Comissão de Proteção às Vítimas de Crimes, não tem dúvidas de que as polícias “têm sido muito prejudicadas” pelas medidas do Governo. “Têm menos direitos e mais deveres do que os outros funcionários públicos”, acrescenta.

Durante a manifestação, a PSP mobilizou 68 carrinhas e sete autocarros para garantir a segurança do Parlamento.

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