Confesso que me enganei e quero dar a mão à palmatória. Ao contrário do que aventei, apesar das altas temperaturas, a contaminação manteve-se, inclusivé entre nós no Algarve e até no Alentejo, para além de Lisboa e arredores e outros focos ao longo do País. Que não por acaso sem significado na Madeira ou Açores…
De qualquer forma se tivermos possibilidade – o que creio fundamental – de analisar em pormenor nomeadamente o significativo surto de Lisboa e arredores não me admiraria que a disseminação do vírus se venha processando praticamente face a face, já pela forma de habitação transporte e toda uma promiscuidade que só quem conhece sabe valorizar. Ora, é em meu modesto entender, que é aí que está a justificação para a diferença com outros países da Europa v. g. Áustria Dinamarca Holanda Dinamarca, etc. onde a situação é completamente diferente. O problema reside em que este vírus tem uma capacidade infecciosa muito superior ao da gripe p.ex. Se a distância entre o infetado contaminante e o contaminado for suficientemente pequena a infeção propaga-se… As festas espúrias – que deveriam ser devidas punidas – e as concentrações de pessoas sem qualquer controlo eficaz provam-no. Mas, quanto a mim, o grande problema reside, sem dúvida, nos bairros pobres da periferia da grande Lisboa que os turistas e as câmaras de televisão evitam, sabe-se lá porquê. Seria necessário não ter vergonha de entender como vivem estas pessoas, não só imigrantes dentro e fora de casa, das suas condições de salubridade, quantos dormem no mesmo espaço, como e quantos se reúnem nos reduzidos espaços de convívio, etc… E, por outro lado, as condições de trabalho nas empresas (que não todas iguais, diga-se!) particularmente na construção civil que se localizam, não por acaso, na periferia de Lisboa.
É, evidentemente, aí que se deve e tem que intervir.
O problema é como?
Claro que não é fácil nem realizável em curto prazo. Mas, convenhamos, se não entendermos estas prioridades, de par com o drama dos lares como cernes da pandemia, adivinho um próximo inverno muito dramático.
Oxalá me engane…
Quanto a nós aqui no Algarve, por muito mal que o turismo externo inc. Inglês nos ignore (fia-te no amigo e não corras!!!) apesar de um aumento de casos que necessita sempre ser devidamente esclarecido e explicado à população (ponto de partida, cadeia de contágio, local, perigo de contágio, etc) o que infelizmente não acontece… creio que podemos e devemos ter alguma tranquilidade e estar atento à evolução do próximo mês de Agosto.
Depois… voltaremos a falar… caso se justifique.
Eurico Gomes
Médico, Presidente da Direção e Diretor Clínico da A.E.D.M.A.D.A. IPSS Área da Saúde Associação Diabéticos do Algarve
– Clínica de Diabetes