A tatuagem ao poder?

Os calores de há duas semanas fizeram-me pensar como deve ser difícil morrer e ir directamente para o Inferno, sem parar na casa partida e receber cem euros. Meio mortificado não vi nada, nada fiz e até as novelas das transferências dos futebolistas me cansaram a beleza. Penso que as teorias da conspiração estão muito sobrevalorizadas, mas não fosse esse o estado do meu ponto de vista, bem podia pensar que há uma grande, demasiado grande ligação, entre os órgãos de informação desportiva e os rumores que todos os dias colocam jogadores aqui e ali. Os principais canais de informação têm programas a dar com um pau sobre transferências e não vejo que percam importância com o tempo, bem pelo contrário. Penso que os portugueses até preferem estes momentos à restante época desportiva: pode dizer-se que se trata do complexo sebastianista que nos afecta a todos – todos, todos não sei…. Estamos sempre à espera que um brasileiro ou um puto da formação nos venha trazer o calor do sol que o tempo e o desgaste foram apagando, mas a realidade é geralmente lixada e não nos faz a vontade. Não fossem os interesses instalados alguém repararia que a maioria dos jogadores só rende (aos clubes) na primeira ou segunda transferência: o resto parece lavagem de dinheiro. Os futebolistas de alguma qualidade ganham demasiado dinheiro e os restantes são os “se”. Só jogam bem “se” o sistema for 3-5-1-1 ou “se” o jogador em causa for um oito que jogue atrás do dez, mas nunca ao lado. Em suma, só sabem fazer uma coisa. Estava então eu nas minhas chinelas de enfiar o dedo e decidi dar um salto para ver a passagem das motas em Faro. Foi um desfile grande como o caraças e a maneira como muitos se apresentaram suscitou-me algumas perguntas: quem compra uma Harley – Davidson tem que usar aquela roupa que parece sair de Easy Rider, com cinquenta anos de atraso? E, como a história de quem nasceu primeiro, se o ovo se a galinha, o que ocorre primeiro? Compra-se a mota e depois corre-se lojas e internet para se comprar ticharte, blusão, botas, lenço com a bandeira dos confederados (por acaso um adereço abjecto, se querem a minha opinião) e capacete a imitar o do exército alemão da 2º guerra (outra peça de mau gosto), ou poderá ser o contrário, primeiro a roupa? É possível, segundo os códigos de conduta de um possuidor de uma Harley, usar por exemplo um polo cor de rosa por baixo do blusão? Ou será ostracizado? Outra questão: quem diz Harley diz tatuagem? Existirá alguém com uma mota dessa marca, que não tenha pelo menos uma, de uma serpente enrolada ou com o nome em caracteres japoneses? E os namorados (as), que têm tatuagens – parece que condição para subir a bordo – já a tinham antes ou fizeram por influência do namorado(a). Ou foram escolhidos(as)por isso? Gostava que o meu artigo se chamasse “O Poder da Tatuagem?”, mas ainda não me decidi.

Fernando Proença

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