A vez e a voz dos pequenos partidos

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Chegou a vez dos partidos mais pequenos, depois de, há oito dias, termos distribuído as nossas perguntas Legislativas 2022 pelos sete principais partidos. Partidos de que pouco se fala, alguns com siglas desconhecidas da maioria, discorrem sobre o Algarve e o que pensam do presente e futuro da região, em resposta a cinco perguntas, rigorosamente iguais para todos

As perguntas

  1. Quais as perspetivas e expetativas do seu partido para as próximas eleições, no Algarve?
  2. Vai conseguir reverter (confirmar, no caso do PS) o que aconteceu nas últimas eleições autárquicas?
  3. Quais as principais bandeiras do seu partido para os próximos quatro anos aqui na Região?
  4. Pessoalmente, quais os seus compromissos para com os algarvios que vão votar em si na legislatura que se avizinha?
  5. A próxima legislatura pode ser mesmo, e finalmente, a da Regionalização?

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Partido LIVRE
Marta Setúbal

  1. O LIVRE deseja que estas eleições sejam muito participadas. Isto indicaria que a população está informada, consciente e ativa – e que o LIVRE elegeria com toda certeza no Algarve, uma vez que representa a única alternativa verdadeiramente sustentável para a sociedade.
  2. A homogeneização partidária não é inocente. A eleição deve corresponder ao desejo de quem vota. Normalmente, ganha a abstenção: essa é a grande mancha invisível. Para além do desencanto já comum com a política e com os políticos, o sistema eleitoral está mal estruturado. Para um partido como o LIVRE eleger um deputado, são necessárias 3 vezes mais votos do que o PS ou PSD. O LIVRE propõe, por exemplo, uma reforma do sistema eleitoral, através da criação de um círculo de compensação.
  3. Sustentabilidade ambiental: combater (e preparar a região para) a escassez hídrica, aprofundada pelas alterações climáticas, e pensar o território de uma forma integrada.
    Sustentabilidade económica: criar diversidade económica, fomentando a economia local, solidária e colaborativa e apoiando a criação de cooperativas. É essencial quebrar a dependência do turismo e o desemprego sazonal.
    Sustentabilidade social: garantir Habitação digna capaz de servir como base para uma vida livre. Planear uma rede de transportes abrangente e inclusiva. Pensar as necessidades básicas numa lógica de proximidade.
  4. Nada mais do que defender os interesses da região, de acordo com os princípios do LIVRE. Para uma sociedade verdadeiramente democrática, igualitária e ecológica.
  5. Se depender do LIVRE, será desta que se avança com o processo de Regionalização. É essencial para a democracia a criação desta escala intermédia de eleição e escrutínio. Teremos de o fazer envolvendo ativamente a população e garantindo que esta mudança permite um aproximar da política aos cidadãos. O programa do LIVRE apresenta 2 propostas relativas a este tema: regionalizar com eleição direta, sendo que o processo de regionalização deve ser sujeito a referendo.
    E enquanto não avança o processo de regionalização, reorganizar e coordenar os serviços desconcentrados a partir das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, integrando as funções que hoje já detêm – planeamento regional, ordenamento do território, ambiente e gestão de fundos estruturais – com as de educação, cultura e economia, incluindo a agricultura.

Movimento Partido da Terra (MPT)
Manuel Mestre

  1. As expectativas e pelo menos conseguir eleger um deputado em todos os círculos eleitorais
  2. O MPT e um partido pequeno o que pretendemos e dar voz ao Algarve na AR.
  3. No Algarve temos um problema grave de falta de mão de obra principalmente na hotelaria e restauração, a captação de mão de obra qualificada e fundamental. Arranjar soluções para a falta de água no Algarve Rede de transportes aproximação do interior do Algarve com o litoral Alternativa a estrada nacional 125 Conservação da nossa orla costeira Valorização dos recursos endógenos do Algarve. Economia circular Saúde
  4. O MPT foi criado em 1993 e tem um caráter humanista, ecologista e tem a família, em todas as suas vertentes, como o pilar da sociedade. É um partido que não tem ligação direta a qualquer outro, pelo que se rege pela defesa dos seus pilares ideológicos. A nossa maior vantagem é essa mesma independência, garantindo a imparcialidade do nosso voto no parlamento: podemos votar ao lado de qualquer partido, desde que a sua proposta vá de encontro aos nossos ideais como partido e como pessoas. O que pretendemos com a nossa eleição é dar voz e reforço ao Algarve na maior casa da democracia nacional, colocando, impreterivelmente, o Algarve e os Algarvios em primeiro lugar e nunca esquecendo quem nos elegeu. O meu voto ira sempre de ir de encontro com os interesses dos Algarvios as minhas convicções são inabaláveis e quando aceitei esta missão deixei bem claro com o MPT que iria sempre votar em consciência.
  5. O MPT defende a regionalização. A falta de investimento na região é gritante, pelo que representa menos de 1% do PIB gerado pela região. A criação da Região Administrativa do Algarve, dotaria a região de uma maior autonomia e eficácia em matérias de gestão de fundos, facilitando o investimento, mas sobretudo, o investimento correto. Durante a próxima legislatura, tudo faremos para que a criação da Região Administrativa do Algarve se possa tornar uma realidade. Defenderemos obstinadamente a construção do hospital central e ainda o investimento nas nossas vias rodo e ferroviárias. Que se aproveite o melhor das nossas terras e que os nossos barcos não fiquem, como tantas vezes se vê, em terra. Não esqueceremos, por compromisso de honra, da criação de uma solução para a falta de água e em estratégicas de fixação e desenvolvimento das populações. É preciso dar voz e corpo à competência dos portugueses. Saber valorizar, internamente, aquilo que se nos é reconhecido lá fora. Competência, capacidade de trabalho, profissionalismo, dedicação, compromisso. Tudo. É tempo de capitalizar cá dentro, aquilo que somos por natureza.

Movimento Alternativa Socialista (MAS)
João Antunes

  1. O lema da candidatura do MAS é acordar a esquerda. Nos últimos 6 anos o país foi governado pelo Partido Socialista, com a conivência silenciosa do PCP e do Bloco de Esquerda, que não alterou as políticas do governo da direita PSD/CDS e da Troika, nomeadamente no desperdício de dinheiro público nos bancos e na legislação laboral. O MAS quer ajudar ao regresso à mobilização dos trabalhadores pela luta dos seus direitos, porque só esta garantirá uma mudança social justa para o país.
  2. Para o MAS o importante é a reversão das políticas de austeridade da última década e meia com governos do PSD/CSD e PS. O importante é colocar o dinheiro ao serviço dos trabalhadores em geral e não ao serviço dos bancos e banqueiros, nomeadamente assegurando saúde, emprego e transportes públicos de qualidade. E habitação acessível para todos.
  3. O meu compromisso é o do MAS. Face aos problemas identificados lutaremos pela semana de trabalho de 4 dias, o tabelamento das rendas em 30% do salário e a abolição das portagens na A22. Os recursos económicos necessários para tal seriam obtidos com o fim da injeção de dinheiro nos bancos e recuperação das anteriores, o confisco dos bens de quem roubou os bancos, o fim dos offshores e recuperação do capital fugido, e a taxação das grandes fortunas.
  4. Um modelo de desenvolvimento que aposte no combate às assimetrias entre o litoral e o interior do Algarve, com uma aposta séria no trabalho qualificado quer na área do turismo, quer na reindustrialização da região, nomeadamente na indústria da transformação do peixe, com habitação mais acessível nas grandes cidades e assente na democratização da mobilidade. Tudo assente numa rede do Serviço Nacional de Saúde recuperada da destruição que foi alvo na última década, desde a Troika, e numa rede escolar de qualidade e acessível.
  5. A regionalização é um engodo, o que precisamos é de investimento público a sério. Para termos pleno emprego com direitos sem depender da sazonalidade e de surtos pandémicos. Uma linha férrea modernizada, com comboios novos e com horários frequentes. Um investimento público em indústria de ponta e tecnológica com base no mar e na produção de energia renovável. Hospitais e centros de saúde que garantam atendimento a tempo e horas e com qualidade. Uma floresta das serras algarvias valorizadas e sem incêndios.

CHEGA
Pedro Pinto

  1. Temos as melhores expectativas, sabemos que o Algarve nunca falhou ao CHEGA e a André Ventura e os algarvios sabem que também nunca lhes falharemos. A eleição de dois deputados é o principal objectivo e acreditamos que assim possa acontecer.
  2. São eleições completamente diferentes! Nas autárquicas existe um voto mais nas pessoas e nos locais e deixe-me dizer que os inúmeros autarcas eleitos pelo CHEGA, estão a fazer um trabalho muito meritório, quer os vereadores, quer os eleitos nas Assembleias Municipais e de freguesia. Agora, são eleições nacionais e as pessoas sabem da falta de cumprimento de promessas por parte do PS, particularmente em relação ao fim das portagens e à construção do hospital central do Algarve. Depois, a ideia será levar André Ventura o mais longe possível, os algarvios sabem que ele é a voz do povo, que os representa e só ele pode mudar Portugal.
  3. Apostamos muito no desenvolvimento do Algarve, bem como na constrição dos Hospitais central do Algarve e o de Lagos, prometidos e esquecidos por PS e PSD. Depois, uma das primeiras medidas, será o fim do pagamento de portagens na Via do Infante, é uma vergonha que se continue a pagar, depois das promessas de António Costa em 2015…primeiro era abolir, depois reduzir e até agora, os algarvios só viram aumentos. Melhorar a via férrea, que é própria de um país do terceiro mundo, reabilitar a EN125 e
    EN124, porque as vias de comunicação são fundamentais para o desenvolvimento. Melhorar as condições dos pescadores, muitas vezes vetados ao abandono. Estamos cá pelos trabalhadores e pelas pessoas de bem.
  4. Os compromissos não são meus, mas sim de um partido e de uma extraordinária equipa de trabalho que o Algarve tem. Seremos a voz dos algarvios na Assembleia da República, seremos aqueles que vão terminar com os que não querem fazer nada, porque têm metade do país a trabalhar para eles e a pagar impostos. Não nos calaremos, como fazem os deputados eleitos pelo PS e PSD, com medo de perderem o lugar! E ouviremos todos os algarvios que nos quiserem contactar, para isso já criámos um gabinete de estudos, para apoiar os deputados que forem eleitos.
  5. É uma boa pergunta, mas a regionalização não pode ser à maneira socialista, bloquista e comunista, com a criação de mais cargos políticos, de mais deputados regionais, assessores e todo um manancial de tachos que a esquerda gosta de distribuir pelos amigos. A regionalização tem de ser discutida, de maneira a que melhore a vida das populações, mas sem que se crie mais um não sei quanto número de cargos! Estamos abertos a essa discussão!

Partido Alternativa Democrática Nacional (ADN)
Jorge Rodrigues de Jesus

  1. Nesse sentido, estamos muito confiantes que o ADN terá um resultado que pode surpreender muitos.
  2. A lista do ADN, é constituída integralmente por independentes. O Algarve terá pela primeira vez candidatos que não são subalternos do “aparelho partidário”.
  3. Saúde: cumprimento da Construção do novo Centro Hospitalar; Pacote de estímulos para fixação de técnicos de saúde; Algarve como Principal Polo Europeu de Turismo de Saúde.
    Rede de Transportes: concretizar a Ligação de TGV de Faro a Sevilha; exigir a conclusão da eletrificação da
    Linha do Algarve. nova Linha em metro de superfície no Litoral Algarvio. Não posso aceitar que as Áreas metropolitanas de Lisboa e Porto tenham uma rede de transportes de primeiro mundo e nós aqui no Algarve, nem sequer temos uma única rede de transportes que ligue a nossa região.
    Rodoviária: ZERO com Emissão Zero de gases e de Pagamento para residentes. Ciclovias ECO-Turismo e as Ciclovias de Mobilidade Elétrica.
    Promoção da Coesão Territorial: reabilitação das Aldeias algarvias. As Atividades agrícolas e florestais no Algarve. Olhar para os 200 km de extensão costeira de forma mais ambiciosa.
    Cluster do Mar: pesca, Conservação e Transformação do Pescado, Potenciais e oportunidades e atividades desportivas náuticas.
    Indústria 4.0: Internet das Coisas; Computação em Cloud; Data Mining; Indústria Criativa; expressões culturais tradicionais; artes cénicas; artes visuais; audiovisuais; novas mídias; serviços criativos e Design.
  4. Somos “enteados”. Até agora os deputados algarvios não têm como missão defender a sua região, mas sim o seu carreirismo político e ascender na hierarquia do partido, nunca tiveram coragem de enfrentar o “chefe” do partido e o centralismo de Lisboa. A nossa região tem aspetos de subdesenvolvimento que nem a intensa atividade turista consegue disfarçar. Não tenho de prestar vassalagem a ninguém. O Algarve terá pela primeira vez um cidadão livre com a determinação e coragem que outros deputados nunca tiveram para nos defender! não se deixem aprisionar por dogmas partidários – isso significa viver sob os ditames do pensamento alheio. Não permitam que o ruído das outras vozes supere o sussurro de esperança de sua voz
    interior que quer um Algarve forte e melhor. Votar no ADN é como a esperança de recuperar para o Algarve a respeitabilidade nacional.
  5. O que têm feito os deputados algarvios na Assembleia da República sobre esta temática? Absolutamente nada! Mas não creio que não vai avançar.

Partido Reagir Incluir Reciclar (RIR)
Rui Curado

  1. As expetativas são conseguir o melhor resultado do partido na região, fazendo com que os algarvios acreditem em nós e numa nova forma política, sendo comum e sem vícios no parlamento.
  2. Iremos trabalhar para isso, durante décadas o Algarve tem sido esquecido, a prova disso é a posição que a última cabeça de lista eleita pelo PS tinha na saúde, e mais uma vez o Hospital Central do Algarve ficou de fora do último orçamento de estado.
  3. Criação de habitações a custos controlados (rendas e compra), construção do hospital central, defendemos a autonomia do Algarve, apoios ao sector primário ( o Algarve estar apenas dependente do turismo é a nosso ver um erro numa região de excelência para o sector primário, criação de um projeto pioneiro para a classe idosa.
  4. Queremos ser a voz do cidadão comum no Parlamento, ser a voz de todos aqueles que sentem na pele a “desgovernação” que temos sido sujeitos, não temos vícios políticos, temos a verdadeira vontade de mudança.
  5. Em 2019 já defendia a Autonomia do Algarve, somos das regiões que mais contribui com receita para o poder central e o retorno e investimento é praticamente nulo. Temos tudo para ser uma região autónoma.

João Prudêncio

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