A viagem de Lula para o lançamento do livro de Sócrates foi paga pela Odebrecht

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Para além de Lula da Silva também o ex-primeiro-ministro espanhol, Felipe Gonzalez, viajou sob o “patrocínio” da Odebrecht

O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva, soube-se esta quinta-feira, está a ser investigado por tráfico de influências devido à sua ligação à construtura brasileira Odebrecht, que lhe pagou várias viagens ao estrangeiro, alegadamente para usar a sua influência em mercados internacionais. Uma dessas viagens teve como destino Portugal, onde Lula veio em 2013 para o lançamento do livro do ex-primeiro-ministro José Sócrates.

A gigante Odebrecht está envolvida na investigação Lava Jato – que se debruça sobre um suposto esquema de cartel no âmbito do qual grandes empresas de construção civil e políticos brasileiros terão pilhado 1,7 mil milhões de euros à Petrobras, naquele que será o maior esquema de desvio de verbas até hoje descoberto no Brasil.

Num dos casos referidos em relação a Lula, o ex-Presidente terá ajudado a Odebrecht a conseguir contratos em África e na América Latina. As suspeitas remontam a entre 2011 e 2014, anos em que já não era chefe de Estado.

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Anteriormente, a empresa, já reconheceu ter pago viagens a Lula, assim como ao também ex-Presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, e ao ex-primeiro-ministro espanhol Felipe Gonzalez. A construtora refere tratar-se de “ações remuneradas para participação em eventos públicos, absolutamente legítimas e transparentes”, acrescentando não haver nada de “ilegal ou ‘sigiloso’ neste programas”, cujas palestras se destinam a “reforçar a imagem institucional do Brasil e abrir portas do mercado internacional para as empresas brasileiras”.

Após ter sido detido, o presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, deu ordem aos seus advogados para destruírem os seus emails, o que fez aumentar ainda mais as suspeitas em seu redor.

Alexandrino Alencar, ex-diretor da empresa, também foi preso preventivamente. Alexandrino é amigo pessoal de Lula, tendo-o acompanhado nessas viagens ao estrangeiro.

A Odebrecht possui cerca de 70% dos seus negócios fora do Brasil. Atuando em 21 países, um dos quais Portugal.

O jato que pode salpicar Portugal

Conforme o Expresso noticiou no passado sábado, num artigo publicado na revista E, o gigante brasileiro da construção estabeleceu-se em Portugal a partir de 1988, quando comprou a Bento Pedroso Construções, uma média construtora que rapidamente floresceu nas empreitadas do universo estatal português, em especial na teia rodoviária. A sua primeira grande obra foi a construção de um troço da Autoestrada do Norte, em Leiria.

Em Portugal, as autoridades nacionais estão interessadas em saber os detalhes sobre os negócios da empresa no nosso país e sobre a sua relação com José Sócrates.

No caso da Operação Marquês, os investigadores portugueses seguem a pista de Odebrecht pela sua presenção ao lado do grupo Lena, numa série de consórcios vencedores de obras públicas durante os os governos de José Sócrates, como a construção da barragem do Baixo Sabor (257 milhões de euros), as concessões rodoviárias da Grande Lisboa e Baixo Tejo. Lena e Odebrecht integravam ainda o consórcio vencedor da construção do troço de TGV entre Poceirão e Caia.

Mas os três conglomerados brasileiros que operam em Portugal (Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez) sempre estiveram na primeira linha de investigação entre as dez construtoras envolvidas na Operação Lava Jato e todos eles tiveram os seus presidentes detidos.

Primeiro, a 14 de novembro, foi o presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, libertado no fim de março, depois de uma “delação premiada”. A Camargo é dona da Cimpor e, em Portugal, não atua na construção. Na altura da ofensiva à Cimpor (2010), a empresa brasileira contou com o apoio ativo da CGD, acionista da cimenteira. Trocou ativos com a Votorantim e controla a nova Cimpor com 95% do capital. Em junho, além dos executivos da Odebrecht, também foram presos na 14ª fase do Lava Jato vários diretores da Andrade Gutierrez, entre eles o presidente Otávio Marques de Azevedo. Otávio foi o principal estratego da fusão da PT com a Oi e da posterior venda da PT Portugal à francesa Altice.

Participou no conselho de administração da PT (Portugal Telecom) até julho de 2014, deixando a empresa alegando desconhecer o investimento milionário da PT na Rio Forte, do universo GES, que levou ao fim da fusão entre as duas operadoras. Chegou mesmo a dizer que Ricardo Salgado fez declarações falsas.

O conglomerado entrou em Portugal em 1988, optando pela aquisição de um operador de renome – a Zagope. A construtora manteve-se sempre no top 5 português. Já este ano, a Zagope transformou-se em Andrade Gutierrez Europa, África, Ásia, uniformizando a identidade corporativa. A base de Lisboa gere todas as operações fora do continente americano.

A Andrade Gutierrez, segunda maior empreiteira do Brasil, que atua também nos sectores de distribuição de energia e telecomunicações, foi acusada de ter feito depósitos na conta de um dos operadores de pagamento de suborno para ex-diretores da Petrobras e políticos do PMDB.

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