A vida em 1910: Crianças tomavam uma colher de vinho após um banho de mar

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A Implantação da República aconteceu há 107 anos. Foi no dia 05 de outubro de 1910 que o regime monárquico foi derrubado pelos republicanos. O Jornal do Algarve conta-lhe alguns dados curiosos do quotidiano dos primeiros anos do século XX

BANHOS DE MAR

No princípio do século XX, os banhos de mar, que eram recomendados pelos médicos para fortalecer o organismo, não se podiam considerar um verdadeiro prazer.

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Os fatos de banho, de pano, tapavam o corpo quase por completo e as mulheres usavam também toucas de folhos para proteger o cabelo. Assim, entrar na água significava ficar ensopado.

Os banheiros encarregues de acompanhar os banhistas obrigavam-nos a mergulhar ou despejavam baldes de água sobre a cabeça dos mais renitentes.

Quase ninguém sabia nadar e o que os banhistas mais desejavam era sair rapidamente da água e mudar de roupa nas barraquinhas de madeira que existiam nas praias para esse efeito.

Era costume tomar então uma bebida forte para provocar reacção e até às crianças se dava pelo menos uma colher de vinho, se a família tivesse possibilidades, de preferência vinho do Porto.

BICICLETAS

Nessa época já havia bicicletas em Portugal, mas sendo muito caras, só estavam ao alcance de famílias abastadas e eram encaradas mais como brinquedo de gente rica do que como meio de transporte.

Havia, no entanto, velódromos (pistas para fazer corridas de bicicleta). Um em Algés e outro no Jardim Zoológico. E surgiam ocasionalmente anúncios nos jornais a enaltecer o ciclismo como fonte de saúde e a oferecer professores parar ensinarem homens, mulheres e crianças a andar de bicicleta em locais discretos para que ninguém assistisse aos tombos das primeiras lições.

CHAPÉUS

Na época da Primeira República estava na moda o uso de chapéus para homens, mulheres e crianças e havia modelos diferentes para as várias ocasiões.

Nas festas ou cerimónias de alguma importância, os homens usavam cartola. Os ingleses tinham por hábito cobrir a cabeça com chapéu de copa arredondada, o chapéu de coco, e não faltava quem gostasse de os imitar. Para o dia-a-dia, os modelos eram mais simples mas ninguém saía à rua sem chapéu. Os homens do povo, mesmo os mais pobres, que podiam eventualmente andar descalços, não dispensavam o seu boné.

Tirar o chapéu era uma maneira delicada de cumprimentar as pessoas que passavam ou de prestar homenagem – por exemplo ao santo que seguia no seu andor em procissão ou ao morto levado de carro de cavalos para o cemitério.

Quanto às senhoras, os modelos multiplicavam-se não só de acordo com as circunstâncias – festa de casamento, passeio, almoço ao ar livre, missa, procissão, enterro, e por aí fora – como de acordo com os gostos pessoais.

Em todas as cidades havia modistas de chapéus aptas a confeccionar chapelões enormes ou chapelinhos minúsculos nos mais variados tipos de materiais e enfeitados com plumas, flores e outros adornos. As senhoras não tiravam o chapéu senão em casa. As meninas também usavam chapéu, geralmente em harmonia com as roupas que vestiam. A mesma cor, o mesmo tecido, fitas e laços a condizer. Para os rapazes, enquanto pequenos, era comum escolherem-se bonés de marinheiro. Na adolescência outro tipo de bonés.

Naquele tempo, quem escolhia a profissão de chapeleiro, tinha trabalho garantido.

LUZ ELÉTRICA

Só em 1902 se generalizou a iluminação eléctrica nas ruas. No entanto, durante a Primeira República é que a electricidade foi ganhando lugar dentro de casa. De início, apenas em casas ricas por ser considerada um luxo.

VAGÃO FANTASMA

A I República foi um período de grande efervescência social. Houve tumultos e atentados de que resultaram mortos e feridos, greves constantes que muito perturbaram a vida das populações. Quando eram os transportes a ficar imobilizados, os operários e funcionários de outros sectores não podiam ir trabalhar e parava tudo.

Os ferroviários, para evitar que os comboios circulassem em período de greve, sabotavam as linhas de modo que, se alguém se atrevesse a por um comboio em marcha, esse comboio descarrilava.

Em 1919, por ocasião de mais uma greve de ferroviários, o governo decidiu que os comboios circulariam e, para evitar descarrilamentos, forçou grevistas a viajar no vagão da frente. Esse vagão ficou conhecido por “vagão fantasma”.

ÙLTIMO PRESIDENTE DA I REPÚBLICA

O último Presidente da I República foi Bernardino Machado, escolhido pelo Parlamento para tomar o lugar de Teixeira Gomes que se demitiu em dezembro de 1925. Manteve-se no cargo até ao golpe militar de 28 de maio de 1926 que instalou a ditadura.

Fonte: Documentação do Centenário da República

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