Abacate do Algarve registado como marca para disciplinar comercialização

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O abacate do Algarve vai ser registado como marca, processo que vai permitir disciplinar a comercialização daquele fruto, na sequência de um pedido de registo efetuado por uma associação empresarial algarvia.

A marca, que deverá tornar-se efetiva no início de julho, implica o cumprimento de um conjunto de regras por parte dos produtores, que incorrem em penalizações caso não cumpram as especificações previstas, adiantou Ana Soeiro, diretora executiva da associação Qualifica/oriGIn Portugal.

A marca, que vai ser gerida pela associação Algfuturo, “já foi pedida, já foi publicada, e no dia 07 de julho, em princípio, será tornada definitiva”, explicou aquela responsável aos jornalistas, à margem da sessão de apresentação da marca e de um estudo sobre a cultura de abacate na região, que decorreu em Faro.

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“Para registar uma marca tem que haver um conjunto de regras. Temos que ter um caderno de especificações que torne específico a que é que se pode chamar abacate do Algarve”, referiu, acrescentando que a cultura tem de “ser feita em boas condições, de sustentabilidade”.

Segundo Ana Soeiro, a exigência dessas condições de sustentabilidade na cultura do abacate do Algarve implica “não delapidar água, não delapidar energia, não degradar o solo”, havendo mecanismos de controlo para verificar se as regras são cumpridas.

“O caderno de especificações, no fundo, é o espelho da soma destas exigências todas”, resumiu a também vice-presidente para a Europa do movimento oriGIn, entidade responsável por atribuir na União Europeia a denominação de origem ou geográfica a produtos alimentares.

De acordo com Ana Soeiro, existe “uma grelha dos incumprimentos possíveis e das penalizações que as pessoas podem ter em caso de não cumprirem”, já que, sublinhou, “tem de haver mecanismos de controlo” para garantir produtos de qualidade.

“Não se pode estar a vender um produto que no rótulo diz queijo Serra da Estrela e depois não é”, ilustrou, frisando que “quem não cumpre, não pode usar a marca”, garantindo, assim, que não se corre o risco de desvirtuar a marca e lesar o consumidor.

Apesar deste primeiro passo, “não estão ainda reunidas as condições” para a eventual criação de uma Indicação Geográfica Protegida (IGP), “que também tem regras para cumprir e penalizações”, concluiu.

Durante a sessão, o diretor regional de Agricultura e Pescas, Pedro Valadas Monteiro, referiu que no Algarve existem 1.830 hectares de abacate, num total de 22.000 hectares de cultura de regadio na região, o que significa que se está “bastante longe de uma monocultura”.

De acordo com o estudo sobre a cultura de abacate no Algarve apresentado, a região concentra a maior parte dos abacateiros existentes no país (que ocupam um total de 2.016 hectares), representando 1,8% da superfície agrícola da região.

Em 10 anos, até 2019, as áreas de abacate “cresceram muito significativamente” na região, para seis vezes mais, sendo que a maior parte das explorações localizam-se em Silves, Tavira e Loulé, que juntos concentram 65% das explorações.

Segundo o estudo, a alfarrobeira continua a representar a maior área plantada na região (13.584 hectares), seguida dos citrinos (13.269), do olival (9.409), de outros frutos secos (7.524) e da amendoeira (5.004).

A cultura da vinha, com 1.513 hectares, é a única de entre o conjunto das principais culturas permanentes do Algarve que representam menos área que o abacateiro, refere ainda o estudo elaborado pela AGRO.GES.

No que respeita às necessidades de rega, baseadas no défice hídrico da região, o abacateiro é equiparado às culturas do olival, citrinos ou romãzeiras, sendo superiores às do abacate a necessidade de rega das nogueiras, amendoeiras e diospireiros, conclui.

O aumento das plantações de abacate no Algarve tem sido contestado por associações ambientalistas, tendo sido instaurada, no final de maio, uma contraordenação a um promotor em Lagos, na sequência da Declaração de Impacte Ambiental desfavorável emitida pelas autoridades competentes.

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