Absolvisão de Afonso Dias gera onda de indignação

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Afonso Dias, único arguido do caso do desparecimento de Rui Pedro há quase 14 anos, saiu ontem sob escolta policial do Tribunal de Lousada, perante os insultos e ameaças de uma população em fúria.

Mais de uma centena de populares não calou a revolta à porta do Tribunal de Lousada, após ter conhecimento que o motorista Afonso Dias, acusado de rapto agravado de Rui Pedro, fora absolvido pelo coletivo de juízes.

“Assassino”, “cobarde”, “palhaço” foram alguns dos impropérios dirigidos a Afonso Dias por uma população em fúria, que não poupou ainda a juíza-presidente, Carla Fraga, e o advogado de defesa, Paulo Gomes.

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Os populares que começaram a acorrer às imediações do Tribunal mais de uma hora do início da leitura da sentença acusam os juízes de “não terem feito justiça”, não percebendo que “mais provas são precisas” para condenar “um criminoso” e dar “descanso à mãe da criança”.

Filomena Teixeira saiu desfeita do Tribunal, amparada pelo marido e filha. A mãe de Rui Pedro entrou convicta que Afonso Dias seria preso e não vai desistir de procurar o filho.

Tribunal não credibiliza testemunho de prostituta

Na base da absolvição do antigo protegido da família do menor desaparecido em Lousada a 4 de março de 1998 esteve a “falta de provas inequívocas” do envolvimento de Afonso Dias no eventual rapto de Rui Pedro.

O Tribunal confirmou a tese da acusação de que a criança e Afonso se encontraram ao início da tarde do desaparecimento de Rui Pedro, mas não deu como provado um segundo encontro por volta das 15h30 horas entre os dois, após o menor ter visto negada autorização da mãe para ir passear com Afonso.

O testemunho de Alcina Dias, prostituta que garantiu ter estado com o menor em Lustosa e conduzido ao encontro pelo alegado tio Afonso Dias por volta das 15h não foi valorizado pelo Tribunal.

Os coletivo de juízes não credibilizou o depoimento de Alcina Dias, alegando várias contradições no seu testemunho, entre as quais de o facto de ter declarado que a criança então com 11 anos tinha olhos azuis e não castanhos, e a garantia de que o Fiat Punto de Afonso era preto, quando afirmara antes ser azul escuro.

Juízes invocam dúvida para absolver Afonso

O Tribunal estranhou ainda que no primeiro depoimento, feito três anos após o alegado rapto, Alcina tenha sido parca em pormenores em relação à aparência de Afonso, e minuciosa 13 anos após o incidente, no decurso do julgamento.

Na leitura da sentença, hoje à tarde, a juiz-presidente, não descartou mesmo a hipóteses de ter sido outro menor e outro adulto que recorreram à prostituta no dia 4 de março de 1998.

“Sem convicção” na participação de Afonso Dias no fatídico desaparecimento, sem prova sequer “que tenha transportado Rui Pedro” de Lousada para outro local, o coletivo de juízes na dúvida absolveu o arguido, invocou o basilar princípio “in dubio pro réu”.

JA/Rede Expresso
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