AC/DC – COVID 19

Não vou falar dos AC/DC, grupo de rock, nem tão pouco da sua música “autoestrada para o inferno”. 
Não vou falar em termos religiosos sobre a era antes de Cristo (AC) e depois de Cristo (DC).


Vou falar da realidade Antes da COVID-19 e da realidade que virá Depois da COVID-19, no que diz respeito à Educação, à Escola Pública e às políticas educativas.


Até março de 2020 as opções políticas de sucessivos governos, em matéria de Educação,  eram de subfinanciamento no Orçamento do Estado para uma área crucial em qualquer sociedade dita desenvolvida.


As opções políticas eram de valorização de interesses privados em detrimento da Escola Pública. Por isso tínhamos (e continuamos a ter) falta de docentes, de assistentes operacionais, técnicos, falta de materiais e equipamentos para dar respostas às necessidades individuais de todos os alunos.


Como consequência da falta destes recursos, as turmas foram tendo cada vez mais alunos. Era difícil, senão impossível, trabalhar com cada aluno individualmente em turmas de 28/30 alunos, limite máximo dos espaços físicos das salas de aula. Mas estas crianças e jovens saíam da escola a saber ler, escrever, contar e até tinham mais alguns (poucos) conhecimentos noutras áreas, devido às opções educativas dos governos.


A desvalorização da Educação foi uma constante antes da pandemia que assolou o ano de 2020. Durante o confinamento a que alunos e docentes foram obrigados, os Educadores e Professores nunca deixaram de trabalhar com os seus alunos. Fizeram-no com grande empenho e dedicação o que demonstrou mais uma vez o profissionalismo que sempre os caracterizou.


Ouvimos, durante o confinamento, os responsáveis políticos (Ministro da Educação e 1º Ministro) a saudar os Educadores e Professores. Pena que só se tenham lembrado deles quando os alunos foram para casa e, juntamente com as suas famílias, tiveram de adaptar as suas vidas pessoais e familiares com o objetivo de terminar o ano letivo. A lição que todos temos que tirar desta pandemia é que todos dependemos uns dos outros para construir uma sociedade e que os serviços públicos são essenciais em momentos de crise.


Depois da COVID-19, quais vão ser as opções políticas em matéria de Educação? Vão continuar os governos a desvalorizar os docentes e consequentemente a desprezar a Escola Pública? Vão continuar a desrespeitar alunos e famílias ao não criar as condições para que todos, mas mesmo todos, tenham respostas adaptadas às características e capacidades de cada um?
Vão os governos continuar a subfinanciar a Escola Pública oferecendo milhões a entidades privadas? Uma sociedade depende, também, da qualidade da Educação dos seus cidadãos. A Educação tem que ser um dos pilares fundamentais numa sociedade. A Escola Pública é o único setor da Educação que garante a equidade entre todos os cidadãos e é esta que devemos defender! Uma Escola Pública de qualidade, gratuita, democrática e inclusiva para todos!

Ana Simões

Educadora de Infância, dirigente coordenadora distrital de Faro do SPZS

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