Academia de Ballet Contemporâneo, um caso sério no ensino da dança

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Foi criada há cerca de três anos em Vila Real de Santo António, mas já se destaca a nível nacional e internacional. Além dos prémios conquistados (e já são mais de 30), entre os quais primeiros lugares em vários concursos, este ano foi considerada a Escola Revelação Mundial no Festival Internacional de Dança Tanzolymp, de Berlim, um dos mais conceituados no universo da dança

DOMINGOS VIEGAS

A Associação Arts Tomorrow – Academia de Ballet Contemporâneo (ABC) foi criada há menos de três anos, em Vila Real de Santo António, mas começa já a posicionar-se como uma referência no ensino da dança, não só no Algarve mas também a nível nacional. Comprovam-no os êxitos e o reconhecimento conquistados, principalmente, além fronteiras neste curto período de vida.

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Os grandes destaques vão, sem dúvida, para as participações e para os vários prémios conquistados em importantes concursos de dança realizados no país e no estrangeiro. Entre estes, destaque para o All Dance International, em Orlando, nos Estados Unidos da América, e o Festival Internacional de Dança Tanzolymp, que se realiza anualmente em Berlim, na Alemanha, considerado um dos mais importantes a nível mundial e cujo júri é composto por professores e coreógrafos reconhecidos internacionalmente.

Mas mais importante do que a competição propriamente dita (a academia já soma mais de 30 prémios a nível nacional e internacional), um dos orgulhos da ABC é o troféu que as jovens bailarinas trouxeram de Berlim já este ano: Prémio Revelação Mundial. “Competimos com escolas que já são reconhecidas mundialmente e, receber este prémio é algo que nos deixa muito orgulhos, ainda mais quando, na altura, tínhamos pouco mais de dois anos de atividade”, diz Ana Dias, presidente da associação e mentora do projeto ABC.

“Há uma certa dualidade nos concursos e é preciso explicar isso aos alunos. Claro que é importante ganhar, porque é o reconhecimento de um trabalho que se está a fazer bem. Mas a dança é muito mais do que competição. Nem são tão maus porque não ganharam um concurso, nem ganhar um determinado concurso significa que vão ser bailarinas ou bailarinos profissionais no futuro. Um concurso pode ser visto como um objetivo, naquele momento, mas nada mais”, considera.

Bailarina profissional, com carreira a nível nacional e internacional, Ana Dias é licenciada pela Escola Superior de Dança de Lisboa (ramo Educação) e pela Universidade Tilburg Fontys Dance Academy (Holanda). É de Braga, mas decidiu criar a sua escola de dança na cidade pombalina.

“Senti a necessidade de criar uma escola que desse formação em dança, que tivesse professores a dar essas aulas aos alunos e, também, que investisse nos alunos. Já havia aqui várias escolas de dança, mas não havia escolas com condições para ensinar, por exemplo, com salas próprias, que tivessem chão adequado, ou seja, com caixa de ar para evitar lesões… Isso não havia”, explica.
A ABC começou com cerca de meia centena de alunos e, atualmente, já tem 150, entre os 3 e os 20 anos, repartidos pelo ballet, dança contemporânea e hip-hop, as três modalidades lecionadas na academia (além destes, há ainda cerca de 60 pessoas que integram as aulas de pilates e yoga).

As suas instalações possuem duas salas preparadas para o ensino da dança, que é ministrado por cinco professores, entre os quais Ana Dias. A direção artística está a cargo de Gabriel Fratian, professor no Conservatório Nacional de Dança, de Lisboa. Outra das características que diferencia esta escola de dança é o facto de os alunos terem acompanhamento médico regular, num consultório instalado propositadamente nas suas instalações.

“Temos um protocolo com uma empresa de medicina desportiva, o que permite ter um médico que acompanha todos os alunos. Há, ainda, um acompanhamento médico contínuo aos chamados alunos de alto rendimento, ou seja, aqueles que já treinam, no mínimo, dez horas por semana. Nestes casos, e além do médico e do preparador físico, também temos acompanhamento feito por um nutricionista”, explica Ana Dias.

A maioria dos alunos aprendem ballet, dança contemporânea e hip-hop como uma atividade lúdica, ou de lazer, e apenas um grupo restrito, devido às suas capacidades e, também, por opção, decidiu enveredar pelo caminho do chamado alto rendimento, que implica mais horas de treino. São estes que representam a ABC nos concursos nacionais e internacionais mais importantes. Recentemente, uma destas alunas ingressou na Escola Superior de Dança e já está num projeto de uma das maiores companhias de ballet contemporâneo do país.

“Este ano, estamos a equiparar os nossos programas com os do Conservatório Nacional de Dança. É impossível fazer o mesmo, mas estamos a tentar aproximar o mais possível. Por exemplo, eles fazem aulas de ballet todos os dias e as minhas alunas fazem, no máximo, três vezes por semana. Porém, se um aluno com 10 anos da ABC for fazer um curso com outro aluno da mesma idade, de outra escola, tem exatamente os mesmos conhecimentos em termos de passos ou de vocabulário. Os programas são idênticos. O ballet, quando é bem ensinado, tem a mesma estrutura em qualquer país do mundo”, conta Ana Dias.

Aquela responsável garante que a ABC “tem vários alunos com grandes capacidades para a dança”, mas explica que nem todos estão interessados em integrar o alto rendimento: “A maioria está cá, simplesmente, porque gosta de dançar. O alto rendimento na dança funciona como num atleta de alta competição, tem que haver muito trabalho, muita dedicação, tem que se abdicar de muitas horas de festa, de diversão, de sair com os amigos… E nem todos estão dispostos a isso”.

Nos concursos, os alunos da ABC chegam a competir com outros que treinam oito horas diárias, pertencentes, inclusivamente, a escolas privadas que não têm o ensino articulado. “Aqui ainda não conseguimos fazer isso, não temos alunos a treinar tantas horas, mas o trabalho que estamos a realizar já é bastante bom”, considera.

Ana Dias admite que a ABC “ainda está a ser construída”, não só em termos físicos, já que um dos objetivos é ampliar as instalações, mas também em termos de ensino. “Temos protocolos com duas escolas de fora do país, uma de Nova Iorque e outra de Londres, mas ainda não conseguimos que eles viessem cá fazer as avaliações, porque é muito caro deslocar professores dessas cidades. Temos outro protocolo com o Conservatório Nacional de Dança e esses professores vêm cá e ajudam a planificar, a elaborar os programas… Isto para que a escola tenha cada vez mais condições para formar os alunos que quiserem enveredar pela dança e possa lança-los em audições”, conta.

Todos os anos, a ABC realiza um espetáculo de final de ano com todos os alunos da escola e participa regularmente em espetáculos quando são solicitados, principalmente, pelas autarquias. “Por um lado, um dos nossos objetivos é trabalhar para a comunidade e envolver-nos com a comunidade, por exemplo, proporcionando-lhes estas atuações. Por outro lado, também é importante para os alunos subirem ao palco, mostrar o que aprenderam e receberem os aplausos pelo trabalho que fizeram”.

A próxima participação internacional em concursos será já este mês de novembro, entre os dias 20 e 28, novamente no All Dance International de Orlando (EUA), de onde a ABC trouxe vários prémios na edição anterior.

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