Acusação do MP “é absurda”, diz João Rendeiro

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João Rendeiro classificou ontem, por mais de uma vez, de “absurda” a acusação do Ministério Público, apontando como exemplo, uma das vezes, o facto de ser referido que tinha sido vedado o financiamento aos clientes da Privado Financeiras, o veículo usado pelo Banco Privado Português (BPP), para investir no BCP, o negócio sob investigação. O juiz chamou entretanto a atenção de João Rendeiro, sublinhando que este não pode referir-se desta forma às partes.

São três os ex-administradores do BPP em julgamento por burla qualificada em coautoria: o presidente, João Rendeiro, e os administradores executivos, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital. Guichard não esteve hoje presente e Fezas Vital preferiu não falar.

“Neste processo falta um elemento essencial para o crime de burla qualificada. Falta a intenção de enriquecimento e o enriquecimento”, afirmou Júdice, acrescentando que João Rendeiro “não enriqueceu, nem contribuiu para que outros enriquecessem” com o investimento na Privado Financeiras.

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José Miguel Júdice, advogado de João Rendeiro, assegura que vai provar que o fundador do BPP “não enriqueceu, nem contribuiu para o enriquecimento de terceiros”. Júdice falou durante mais de 20 minutos e entre as suas afirmações destacou o facto de os “clientes que investiram na Privado Financeiras terem ganho muito em outros investimentos”.

“Lamentamos que todos os investidores tenham perdido dinheiro” com o veículo Privado Financeiras, afirmou José Miguel Júdice. O advogado de Rendeiro, presidente da mesa da Assembleia Geral do BPP, lembrou que a perda dos acionistas da Privado Financeiras aconteceu “depois de muitos anos a ganhar muito dinheiro” com as estratégias propostas pelo banco liderado por João Rendeiro, controlado pela Privado Holding.

Arguidos seguiram as “melhores práticas internacionais”

“Quem mais dinheiro perdeu foi a Privado Holding e o terceiro investidor que mais perdeu foi João Rendeiro”, assinalou Júdice, assegurando que “o comportamento dos indivíduos [arguidos neste processo] seguiu as melhores práticas internacionais”. Rendeiro era o maior acionista da Privado Holding. Os números do prejuízo com o investimento na Privado Financeiras, avançados por Júdice, são de 30 milhões de euros para a Privado Holding e de três milhões de euros para João Rendeiro.

Em causa neste processo está a alegada gestão danosa na Privado Financeiras, um veículo, com gestão autónoma do BPP, criado em março de 2007 por João Rendeiro para investir em ações e que acabou por concentrar o investimento no BCP. Banco onde nesse ano se tornou pública uma guerra de poder protagonizada por Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto, que levou à quebra das ações.

Rendeiro, acusado de ter interesse no resultado desse confronto, afirmou porém desconhecer a existência dessa guerra quando a Privado Financeiras começou a investir no BCP.

Segundo a acusação, os administradores do veículo, João Rendeiro, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital terão ocultado informação aos investidores quando, no início de 2008, pressionados pelo Banco de Portugal (BdP) para cumprir os rácios de solvabilidade, avançaram com um aumento de capital de 100 milhões de euros para 200 milhões na Privado Financeiras. Nessa altura, não terão revelado que o veículo estava deficitário.

João Rendeiro referiu-se a “erros claros por parte da acusação do Ministério Público, mas revelou que na altura em que decidiu fazer o aumento de capital foi chamado ao Banco de Portugal, porque o BPP tinha uma conta a descoberto, e o BdP tinha receio que os ativos da Privado Financeiras desvalorizassem. Foi chamado ao BdP em janeiro de 2008.

Neste julgamento serão ouvidas cerca de 400 testemunhas, das quais quase metade serão arroladas pelo fundador do banco em liquidação, João Rendeiro.

RE

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