A situação no sul de África é dramática: cerca de 14 milhões de pessoas estão a passar fome devido às secas provocadas pelo fenómeno El Niño, revelou o Programa Mundial Alimentar em comunicado, esta segunda-feira. A agência de combate à fome das Nações Unidas avisa que o número de pessoas nesta situação vai aumentar em 2016.
As falhas na produção de alimentos devem-se às graves secas que a região tem enfrentado devido aos efeitos do El Niño, que foram particularmente severos no ano passado. Este fenómeno climático é causado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico, provocando a emissão de grandes quantidades de calor para a atmosfera.
O Programa Alimentar Mundial explica que os países mais afetados pelas secas que se registaram em 2015 são “o Malawi (onde 2,8 milhões de pessoas passam fome), Madagáscar (1,9 milhões) e o Zimbabué (1,5 milhões), onde no ano passado foram colhidos metade dos alimentos do ano anterior”.
“Em Lesoto, o Governo declarou no mês passado o estado de emergência porque cerca de 650 mil pessoas – um terço da população – não têm comida suficiente”, acrescenta a nota.
A Etiópia também foi atingida pela seca mais grave dos últimos 30 anos, tendo a ONU adiantado que 400 mil crianças daquele país sofrem de malnutrição aguda e que mais de dez milhões de pessoas precisam de assistência alimentar.
Efeitos podem ser iguais aos de 1998
O fenómeno El Niño acontece em intervalos de dois a sete anos. No entanto, os registos do ano que passou são semelhantes aos do último El Niño, que decorreu entre 1997 e 1998 e foi considerado o pior de sempre, alerta a Nasa.
Ao provocar secas em algumas regiões e cheias noutros locais, o fenómeno climático tem um impacto direto na produção alimentar e, portanto, no risco de fome.
(Rede Expresso)