A ajuda chegou finalmente a Madaya, uma cidade síria próxima da fronteira com o Líbano, onde cerca de 42 mil pessoas estavam sem comida. Um coluna de ajuda humanitária entrou, esta segunda-feira, na cidade com bens alimentares e medicamentos. A área está cercada pelas tropas do regime Damasco há mais de seis meses.
Informações sobre casos de fome e carências alimentares em Madaya provocaram um clamor internacional, o que obrigou o regime sírio a autorizar a entrada de ajuda.
“Dois camiões com bens alimentares e outros dois com cobertores entraram em Madaya às 17h locais (15h em Lisboa)”, afirmou um responsável do Crescente Vermelho Árabe Sírio (SARC), citado pela AFP.
“Existem cerca de 50 camiões com o símbolo do Crescente Vermelho sírio a caminho de Madaya”, referiu à AFP o porta-voz do Comité internacional da Cruz Vermelha, Pawel Krzysiek, momentos antes da divulgação da entrada dos primeiros camiões.
A ajuda, que inclui também medicamentos e material cirúrgico, era aguardada com grande expetativa pelos habitantes. A operação, coordenada pelo SARC e a Cruz Vermelha, vai abranger ainda as localidades xiitas, Foua e Kefraya.
Desde 18 de outubro, que os comboios humanitários não conseguiam alcançar as cidades rebeldes de Zabadani e Madaya, assim como as localidades de Foua e Kefraya.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) dá conta de que pelo menos 250 pessoas encontravam-se em estado muito crítico devido a fraqueza extrema. O diretor de operações dos MSF, Brice de la Vigne, descreveu à “BBC” a situação na cidade como “simplesmente horrível”.
A MSF adianta ainda a morte de pelo menos 28 pessoas desde 1 de dezembro.
Matar a vontade de comer com folhas das árvores
Na semana passada, surgiram vários relatos de pessoas a morrer à fome. Pela internet circulavam fotos e vídeos que denunciavam a subalimentação dos habitantes, o que despertou fortes preocupações internacionais.
O cerco montado pelas forças do regime do presidente sírio Bashar al-Assad impedia a entrada e a saída da cidade. Em comunicado, a ONU afirmou ter conhecimento de “relatos credíveis sobre pessoas a morrer à fome e a ser mortas quando tentam fugir”. Contudo, os apoiantes das forças pró-governamentais negaram a gravidade da situação.
Outros relatos denunciavam casos de habitantes que estavam a comer folhas das árvores para sobreviver, face aos preços exorbitantes dos bens alimentares, sendo que um quilo de arroz pode atingir os 200 dólares (184 euros).
(Rede Expresso)