“Projetos como este vão tornar o preço da eletricidade mais estável e mais barato, porque a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis é muito mais barata do que a partir dos combustíveis fosseis”, disse o ministro em conferência de Imprensa.
Esta central fotovoltaica é também um dos maiores projetos do género da Europa e fica localizada nas freguesias de Vaqueiros e Martim Longo, no interior do Algarve, com uma potência de 219 megawatts e 661.500 painéis de energia solar instalados em 320 hectares.
“Este tempo em que o mundo enfrenta uma crise energética, nós estamos bem mais preparados do que os outros e quantos mais projetos como este entrarem em funcionamento, melhor preparados estaremos num futuro próximo”, acrescenta.
O projeto “preserva totalmente o habitat natural de várias espécies endógenas”, segundo o diretor de projetos da WElink para a Penísula Ibérica, Hugo Paz, que destacou ainda “o avistamento de um lince ibérico no local” recentemente.
Por enquanto, a central fotovoltaica ocupa apenas 320 dos 800 hectares que estavam inicialmente previstos no Estudo de Impacto Ambiental, “deixando livres grandes áreas e corredores verdes”.
Segundo Hugo Paz, o projeto Solara4 “irá gerar 382 gigawatts por hora de energia limpa, o que equivale ao abastecimento de, aproximadamente, 200 mil casas e uma redução de 326 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono por cada ano”.
Este é um projeto com “características únicas” que o tornaram num caso de estudo a nível mundial devido à sua área montanhosa e à “extrema complexidade logística do local devido à obrigatoriedade, por questões ambientais, de utilizar apenas os caminhos existentes”.
Concluída agora a primeira fase do projeto, Hugo Paz admite que no futuro existe o objetivo de “continuar a desenvolver o seu potencial, com a implementação de sistemas de armazenamento que irão ser determinantes para alterar e revolucionar o panorama energético do País”.
Poderão ainda ser instalados mais painéis nas zonas livres do terreno, além do sistema de armazenamento que poderá chegar aos 70 megawatts.
“Uma central como está, uma vez que está a produzir energia, a mesma tem de ser injetada obrigatoriamente na Rede Elétrica Nacional e não a podemos guardar. Mas se tivermos uma capacidade de armazenamento, podemos usar essa energia de uma forma mais inteligente e injetar nos horários onde o preço é mais elevado e assim contribuir para o controlo dos custos de energia”, explica.
Sendo um projeto de grande dimensão, “requer uma manutenção bastante difícil” com o controlo da vegetação, a limpeza dos painéis e a manutenção do ponto de vista elétrico, que será feita com equipas locais e da região.
Hugo Paz salientou ainda a estimativa de contratar 20 pessoas para assumirem estes trabalhos.
Também presente na inauguração esteve o vice-presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Paulo Paulino, em representação do presidente Osvaldo Gonçalves que esteve ausente “por motivos de força maior”.
Segundo o autarca, o projeto teve um investimento de cerca de 200 milhões de euros no concelho, “o maior alguma vez feito” naquele território do interior algarvio.
Paulo Paulino destacou ainda o “compromisso da empresa em mudar a sua sede social para o concelho” e o recurso a empreiteiros locais durante a execução da obra.
Além da visibilidade mediática internacional que foi dada a Alcoutim, o vice-presidente da autarquia salienta ainda “a nova dinâmica económica que foi criada em todo o concelho”, com especial incidência nas áreas do material de construção, oficinas, restauração, distribuição alimentar, hotelaria, alojamento e farmácias.
“Tem sido muito importante para todo o comércio, contrariando os efeitos adversos causados pela pandemia”, acrescenta.
Além dos colaboradores contratados, esta central fotovoltaica conta agora com uma equipa de ovelhas, que através da sua alimentação contribuem para a manutenção do corte da vegetação.
Este projeto-piloto “está a correr muito bem”, segundo Hugo Paz, que já está a pensar em ampliar a iniciativa com mais animais desta espécie, a que chama de “sapadores naturais”.
“As ovelhas, o que fazem é comer o pasto e, dessa forma, reduzem o crescimento do pasto e permitem que a manutenção do corte da vegetação. O que as ovelhas comerem, nós não precisamos de cortar”, explicou.
As ovelhas são acompanhadas por pastores locais, que já estão no local com o primeiro lote. No futuro, vão chegar mais duas centenas de ovelhas, “já encomendadas”.
O local foi chamado de Central Fotovoltaica Riccardo Totta em homenagem ao pai do proprietário dos terrenos, Maurízio Totta.
A inauguração contou também com a participação do secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, e de representantes das entidades envolvidas no projeto.