Alcoutim produz óleos essenciais para as indústrias de cosmética e farmacêutica

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Susana Dandlen gere a empresa que se dedica à produção de plantas, aos serviços e à biotecnologia

Sabia que são necessários mais de 100 quilos de plantas para produzir um litro de óleo? Empresa de Alcoutim já começou a estabelecer parcerias com produtores locais e de outros pontos do país. O objetivo é produzir e exportar em grandes quantidades, pois só assim é que o negócio pode ser rentável

DOMINGOS VIEGAS

Brevemente, quando comprar um produto de beleza, um perfume, um amaciador para a roupa ou um desodorizante pode estar a adquirir um produto que foi perfumado com óleos essenciais produzidos no concelho de Alcoutim. Este é o objetivo da Dandlen & Vasques, detentora da marca europeia registada Pharmaplant e que se instalou naquele município do nordeste algarvio há cerca de um ano e meio.

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O projeto surgiu pela mão da bióloga argentina Susana Anahi Dandlen, que reside no nosso país há quase duas décadas, e que percebeu que plantas como tomilho, orégão, esteva, alecrim, funcho, poejo, lúcia-lima, erva-cidreira ou alfazema podem ter outra finalidade que não seja apenas embelezar a zona serrana do Algarve na primavera.

A ideia começou a ser esboçada em 2009, mas o trabalho efetivo da empresa só arrancou em 2013, altura em que encontraram um investidor, construíram o espaço, na Zona Industrial de Alcoutim (nos Balurcos), e instalaram os equipamentos. Daí para cá, avançaram com produção própria de plantas aromáticas e também já trabalham em parceria com produtores locais e de outras regiões, que lhe fornecem matéria-prima.

“É um negócio um pouco lento até se conseguir atingir o volume necessário para podermos exportar em quantidades suficientes e sermos competitivos a nível internacional. Por isso já fizemos algumas parcerias com jovens agricultores. Precisamos de um grande volume de matéria-prima e sozinhos não conseguimos”, explica Susana Dandlen.

Os óleos essenciais produzidos pela empresa destinam-se, principalmente, às indústrias de cosmética e farmacêutica. Vende estes óleos, em Portugal, para serem usados, por exemplo, em SPA (terapias de massagens, aromaterapia, entre outras finalidades) e também faz venda online em pequenas quantidades. Apesar de ainda não exportar em grandes quantidades, já tem alguns clientes na Holanda e prepara-se para assinar um contrato com um cliente da Alemanha.

Uma das dificuldades para produzir estes óleos essenciais é o facto de nem todas as plantas servirem para determinado fim. Por isso, quase toda a produção tem origem em plantas-mãe selecionadas e produzidas na própria empresa. É que as plantas que nascem espontaneamente no campo até podem servir para algumas aplicações, mas na maioria dos casos não podem ser usadas.

“Para um sabonete não há problema, mas, por exemplo, a indústria farmacêutica é muito rigorosa em relação à composição. As plantas têm que ser produzidas por nós porque as que estão na natureza não possuem as percentagens de compostos químicos que eles exigem”, frisa Susana Dandlen.

A empresa trabalha com alguns produtores que já têm uma grande capacidade de produção, mas também com outros, mais pequenos, onde a comercialização das plantas funciona como um complemento à sua atividade. Em ambos os casos, Susana Dandlen pede uma amostra para analisar e verificar se vale a pena comprar as plantas ou envia as referidas plantas-mãe para que os produtores verifiquem se os seus terrenos são propícios ao cultivo e se vale a pena começar a produzir.

“Quando contactamos os produtores, perguntam logo quanto é que têm que plantar e quanto é que vão ganhar. E isso não é bem assim. Nem todas as terras servem para todas as plantas e é preciso ter conhecimentos de algumas técnicas. O produtor também tem que ter uma determinada capacidade de produção para que o negócio seja rentável”, explica a responsável da empresa, acrescentando que também não podem ser usados pesticidas nem herbicidas.

Susana Dandlen sublinha que este é um dos fatores que faz com que as parcerias sejam estabelecidas, quase exclusivamente, com produtores jovens “que já têm outra visão, não se importam de se juntar, de experimentar e de fazer coisas novas”.
Outros dos problemas à hora de produzir óleos essenciais é o facto de ser necessário uma grande quantidade de matéria-prima para tirar uma pequena quantidade de produto. “Se 100 quilos de planta derem um litro de óleo já é um rendimento muito bom”, refere aquela bióloga.

“Implica um investimento grande, em termos de transporte e de quantidade de matéria-prima. Por isso, a rentabilidade é muito pequena. Estamos a avaliar algumas alternativas para contornar esse problema e é nisso que estamos concentrados neste momento. Penso que vamos conseguir, mas será sempre necessário uma grande quantidade de plantas”, revela Susana Dandlen.

Serviços e biotecnologia

Enquanto a produção não atinge os valores suficientes para sustentar a empresa, a Dandlen & Vasques complementa a sua atividade com outras duas importantes áreas de negócio: os serviços e a biotecnologia.

Os serviços incluem, por exemplo, a deteção de vírus em pomares e noutras culturas, bem como análises para que os produtores fiquem a saber se o que produzem está em condições de ser comercializado. Paralelamente, a empresa faz investigação, em parceria com a Universidade do Algarve e com outras entidades e empresas, porque “pensamos que o crescimento dever ser sustentado pelo conhecimento”, defende Susana Dandlen.

A Dandlen & Vasques também acompanha vários estágios de alunos da Universidade do Algarve, no âmbito das parcerias estabelecidas com aquela instituição. No futuro, Susana Dandlen pretende ainda enveredar por outras áreas relacionadas com as plantas medicinais.

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