Alemães consideram pedido grego como um “cavalo de Troia”

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A carta de Varoufakis não passa de “um cavalo de Troia” para obter um financiamento de “ponte” pela porta das traseiras, disseram delegados alemães na reunião do Grupo de Trabalho do Euro realizada esta quinta-feira para apreciar a carta do ministro das Finanças grego pedindo uma extensão do acordo do empréstimo com o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira.

A revelação da forma como os representantes do ministério das Finanças alemão encaram a jogada de Atenas é feita num despacho do DowJones Newswires, que sublinha que os altos quadros alemães exigiram “compromissos mais claros e convincentes” da parte dos gregos. O chefe da delegação do “Financial Times” em Bruxelas, Peter Spiegel, confirmou num tweet o uso da imagem da história helénica pelos alemães. No entanto, segundo o jornal grego “Protothema”, a delegação alemã na reunião de hoje “amaciou” as posições frontais do ministro das Finanças Wolfgang Schaueble contra o pedido de Atenas. Recorde-se que o vice-chanceler e ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, criticou esta quinta-feira a intransigência do seu colega das Finanças, citado pelo jornal alemão “Die Welt”.

Depois da divulgação da carta de Varoufakis ao presidente do Eurogrupo, o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras reuniu ao telefone com vários chefes de Estado e de governo da zona euro, com destaque para a conversa de 50 minutos com a chanceler Angela Merkel, que Tsipras faria questão de sublinhar num tweet como tendo decorrido em “tom positivo”. O primeiro ministro grego falou, ainda, com o primeiro ministro italiano Matteo Renzi, com o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e com o presidente francês François Hollande, uma maratona telefónica que está a ser encarada como a preparação de condições para haver um compromisso na reunião de amanhã do Eurogrupo em Bruxelas a partir das 15h locais.

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Foi um dia, também, movimentado para o secretário do Tesouro norte-americano. Jacob Lew telefonou a Yanis Varoufakis, aos ministro das Finanças francês e alemão, ao presidente do Eurogrupo, à Comissão Europeia e ao FMI, revelou a Bloomberg.

Apesar de um “nein” violento de Schaueble – e da manchete do jornal alemão “Bild” fazendo-se eco da posição do ministro -, os mercados financeiros reagiram com algum otimismo. Yannis Stournaras, atual governador do Banco Central grego e anterior ministro das Finanças do governo de Samaras, tranquilizou os mercados financeiros dizendo que “não há problema algum, está tudo completamente sob controlo”. E acrescentou: “Estamos aqui para evitar um acidente”.

O porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI) veio recordar esta quinta-feira, em conferência de imprensa, que não se podem confundir os dois programas de assistência, o resgate pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, que expira a 28 de fevereiro, e o do FMI que só termina em março de 2016. “Os dois programas, ainda que relacionados, são separados”, disse Gerry Rice, que aproveitou para recordar que a “flexibilidade” é timbre do Fundo. Não se pronunciou se a troika estava morta ou não, nem se o FMI poderá trabalhar com a Grécia em novos moldes no caso de falhar um acordo com o Eurogrupo.

A Bolsa de Atenas fechou a ganhar 1,06% e a maioria das bolsas europeias encerrou no verde. O índice bolsista europeu MSCI ganhou 0,45% e o índice bolsista mundial MSCI fechou ligeiramente positivo, registando 0,09%. As yields das obrigações a 10 anos dos periféricos desceram no mercado secundário da dívida, com destaque para a queda das yields das obrigações gregas para menos de 10% naquela maturidade e a continuação da descida das yields das Obrigações do Tesouro português naquele prazo para 2,27%, aproximando-se do mínimo histórico de 2,1%.

Fora da lei virtual

A agência de notação Standard & Poor’s veio dizer esta quinta-feira que o risco de contágio de uma Grexit (saída da Grécia do euro) é limitado e muito mais baixo do que em 2012. A agência referiu que os mercados já encaram a Grécia como “um fora de lei virtual da zona euro”. Tranquilizou os restantes periféricos sublinhando que não prevê que uma saída da Grécia tenha implicações significativas para a classificação de rating dos outros membros do euro.

Espanha e Itália foram esta quinta-feira aos mercados obrigacionistas e colocaram mais de 12,6 mil milhões de euros pagando taxas médias de remuneração mais baixas do que em emissões anteriores. O Tesouro espanhol emitiu dívida a três e 10 anos colocando 4171,32 milhões de euros. A 10 anos pagou 1,616% contra 1,773% em emissão anterior similar. O Tesouro português pagou no dia 11 de fevereiro uma taxa média de 2,4914% numa emissão de 1250 milhões de euros na mesma maturidade. A Agência do Tesouro francesa colocou 8494 mil milhões de euros em obrigações a dois, quatro e cinco anos.

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