Alentejo é a região com mais cancro de mama

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Liga Portuguesa contra o Cancro apresentou ontem resultados de rastreio, que não incluem o Algarve. Dificuldades no acesso a exames podem explicar o aumento de deteção de casos.

Seis em cada mil mulheres que, pela primeira vez, fazem rastreio ao cancro da mama têm uma lesão maligna. A conclusão consta de um balanço sobre o programa de deteção precoce deste tumor na região de Lisboa e no Alentejo, apresentado sexta-feira de manhã pelo Núcleo Regional do Sul da Liga Portuguesa contra o Cancro.

Na totalidade do país – sem incluir o Algarve, porque tem um rastreio próprio e não faz parte da rede da Liga -, o Alentejo é a região com resultados mais preocupantes. “Tem uma taxa de deteção superior ao que se esperava e penso que se deve à falta de acesso à mamografia. O exame não é feito e o rastreio, antigo e bem organizado, acaba por encontrar mais casos de cancro”, explica Vitor Rodrigues, professor de medicina na Universidade de Coimbra e representante da Liga.

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A análise à informação recolhida (desde 1997 no Alentejo e de 2001 na região de Lisboa), mostra ainda que das cerca de 60 mil mulheres entre os 45 e os 69 anos rastreadas por ano, 3% a 5% são encaminhadas para uma consulta de aferição. “Em caso de dúvida, conseguimos chamar as mulheres uma a duas semanas depois para irem ao nosso consultório, junto ao IPO de Lisboa”, explica o médico. O objetivo é clarificar os resultados obtidos na primeira mamografia, por exemplo, repetindo o exame e realizando outros.

Do pequeno grupo que tem de repetir o exame, 95% das mulheres não vê confirmados os receios iniciais de cancro e apenas 5% são reencaminhadas para o hospital por terem, de facto, uma lesão maligna. Mas mesmo assim, há boas notícias: “Os tumores detetados são muito pequenos, ainda no início e são mais fáceis de tratar”, salienta Vitor Rodrigues. Que acrescenta: “Todos estes números são compatíveis com os países europeus”.

Dois anos após o primeiro rastreio, as mulheres voltam a ser notificadas pela Liga. “Na segunda volta já só chamamos 1,55 das participantes para consultas de aferição, porque existem menos situações duvidosas”, explica o professor. Fica igualmente com menor expressão, o número de cancros detetados: três em cada mil mulheres, ou seja, metade do que se verifica na primeira vez em que a mulher é sujeita ao rastreio.

A Liga está satisfeita com a organização e com os resultados, mas admite que ainda é preciso melhorar a taxa de participação. “Por ano, fazemos 100 a 120 mil convocatórias, mas apenas 60 mil rastreios são realizados”. Nas duas regiões incluídas no documento apresentado hoje, o Alentejo consegue ter 60% de adesão, mas Lisboa fica entre os 45% e os 55%.

“É preciso ter mais empenho dos centros de saúde” – que fornecem as listas de utentes e ajudam a divulgar os rastreios -, defende o responsável da Liga. E dá um exemplo, “a Grande Lisboa propriamente dita não está incluída no rastreio, apenas locais como Nazaré, Alcobaça, Coruche… Porquê? “Continuamos à espera de resposta”, diz.

O Expresso contactou a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e aguarda um esclarecimento.

Vera Lúcia Arreigoso (Rede Expresso)
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