Algarve recebe apenas 64 enfermeiros, num total de 1.341 para o país

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O sindicato garante que existem enfermeiros no desemprego que querem vir trabalhar no Algarve. “Só não contratam mais porque não querem”, critica Nuno Manjua

O coordenador regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) volta a denunciar que os enfermeiros no Algarve não chegam para colmatar as carências na região. Nuno Manjua acusa o Centro Hospitalar do Algarve de falhar nas diligências necessárias para a contratação

 

Nuno Manjua estima que o Algarve precise de um total de 350 enfermeiros para colmatar as faltas de recursos humanos em todos os serviços, segundo dados calculados pelo sindicato com base em números oficiais.

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Depois de o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) ter reconhecido, na semana passada, a falta de enfermeiros e de médicos na região, admitindo mesmo que os profissionais de saúde estão a ficar cansados, o coordenador regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) congratula-se com as declarações de Pedro Nunes, mas lembra que se tratam de factos que o sindicato já vinha a denunciar “há anos”.

“Finalmente os responsáveis pela saúde na região assumem agora publicamente, razão pela qual nos congratulamos… Falham é nas diligências necessárias para a sua contratação”, critica Nuno Manjua.

O sindicalista adianta que “dos 1341 enfermeiros contratados para o país, só 64 chegam à região”, o que representa apenas 4,7 por cento do total. “É sinal da incoerência ou inoperância dos responsáveis”, acentua o SEP.

“Só não contratam mais porque não querem”

Em relação aos concursos para médicos que ficam desertos e na falta de incentivos para os profissionais virem trabalhar para a região – argumentos apresentados por Pedro Nunes – o sindicato frisa que já apresentou por diversas vezes as soluções no que toca aos enfermeiros. “Por um lado existem enfermeiros no desemprego e que querem vir trabalhar no Algarve. É possível contratar mais enfermeiros, sobretudo para as urgências, quando existe um despacho para tal. Só não contratam mais porque não querem”, critica Nuno Manjua.

Por outro lado, continua o mesmo responsável, “no que toca a motivação, o CHA deixa muito a desejar, sobretudo quando se queixa de falta de incentivos para médicos, mas não resolve o problema que está em seu poder resolver, que é o reposicionamento salarial a todos os enfermeiros que estão a trabalhar nos hospitais abaixo da 1ª posição remuneratória da grelha salarial”.

O SEP denuncia que a injustiça ainda é maior quando “todos os enfermeiros que trabalham há mais anos têm um vencimento inferior aos recém-contratados”.

“Muitos enfermeiros abandonam CHA para emigrar”

O sindicato refere ainda que muitos enfermeiros têm abandonado o centro hospitalar algarvio nos últimos anos, muitos para emigrar, devido “à teimosia em não reposicionar os enfermeiros no salário correto, aliado à falta de outras condições de trabalho”.

Além disso, Nuno Manjua refere que das 1000 vagas para enfermeiros que o Ministério da Saúde anunciou para as instituições do setor público administrativo, “são necessárias no mínimo 150 para o Algarve, contrariamente ao que o presidente da ARS Algarve estima em 69”.

“Os mecanismos de admissão são demasiado lentos e não dão resposta às necessidades imediatas. O concurso para 10 enfermeiros para os centros de saúde no Algarve, que só ao final de quase dois anos ficou concluído, no início deste mês, não chega… até porque alguns já cá trabalhavam e apenas consolidaram o seu posto de trabalho”, realça o SEP, rematando que o despacho que autoriza a contratação para os 1000 postos de trabalho a nível nacional saiu em março, mas até à data ainda não foi publicado o aviso de abertura do concurso. “Imagine-se o tempo que durará até à sua conclusão”, deixa no ar Nuno Manjua.

Nuno Couto/JA

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