Os provérbios têm origem na sabedoria popular, traduzem conhecimentos e crenças e representam uma forma de resgate e lembrança de uma cultura. “São frases curtas que encerram uma longa experiência” e podem ajudar na vida diária, explica ao JA o presidente da Associação Internacional de Paremiologia (AIP), sedeada em Tavira. Rui Soares, que lidera a única entidade no mundo que se dedica ao estudo científico dos provérbios, frisa que eles são usados “quer pelo povo quer pelos intelectuais” para “convencer, conquistar ou instruir”. “Não é por acaso que os políticos estão a usá-los com alguma frequência”, afirma.
“A uso de Loulé, o homem a cavalo e a mulher a pé”. “Chaves de Faro, prados de Loulé, caiados de São Brás, olho vivo e pé atrás”. “Deus te salve Algarve que tantos figos dás”. “Eu bem te conheço alfarroba: és bem pior que uma loba”. “No Algarve, do mar a mesa; da serra, a sobremesa”. “Se tens bom gosto, vai a Tavira em agosto”. Estes são alguns dos exemplos de provérbios que continuam na boca de toda a gente e a ser usados na região algarvia.
“É nosso objetivo não deixar morrer este património, cujo lastro se encontra na observação das experiências vividas”, realça ao JA Rui Soares, presidente da AIP.
Esta associação, criada em maio de 2008, na cidade de Tavira, é a única em todo o mundo que se debruça sobre o estudo científico dos provérbios (paremiologia). “A AIP dá especial atenção à transmissão de conhecimentos e valores entre as gerações e, por isso, privilegia atividades que favoreçam o diálogo entre alunos de escolas e idosos nos lares da terceira idade”, refere o responsável. Assim, se por um lado os mais novos beneficiam com o saber popular dos mais velhos, “a evocação de situações passadas é como que uma terapia para o retardamento de certas enfermidades dos idosos”…
(Toda a reportagem na última edição do JA – 4 de abril)