Algarve sem fogos mas ainda é cedo para lançar foguetes

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Tropas do exército, jovens voluntários, guardas armados, caçadores, funcionários da autarquia e até condutores de bulldozers…! Em Monchique, não são apenas os bombeiros que estão de olho no fumo para evitar o fogo. Há sete anos, a serra algarvia estava transformada num verdadeiro inferno de chamas. Nas últimas semanas, também chegou a temer-se o pior, quando o calor apertou, mas até agora o Algarve conseguiu escapar aos fogos sem se queimar. Em declarações ao JA, o presidente da Câmara de Monchique e a governadora civil mostram-se satisfeitos com a evolução do dispositivo de combate a incêndios, mas alertam que o perigo ainda está à espreita na região!

“Apesar de ainda não termos registado incêndios de grandes dimensões este ano, a situação no terreno é igual ou ainda pior em comparação com 2003.”

O alerta foi lançado esta semana ao JA pelo presidente da Câmara de Monchique, o concelho mais martirizado pelos grandes fogos que lançaram o pânico e devastaram a região há sete anos. “Estou bastante preocupado com o que poderá acontecer nos próximos dias e semanas”, refere Rui André, revelando que “ainda existe muito mato no terreno, em alguns locais com mais de três metros de altura, e os proprietários não deram totalmente ouvidos aos alertas lançados repetidamente pela proteção civil e autarquia”.

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O perigo, frisa o autarca, é agravado este ano pela existência no terreno de muitas sobras dos cortes de madeira. Ainda assim, tanto a serra monchiquense como o resto da região têm conseguido escapar aos fogos de grandes dimensões.

“Temos tido alguns focos de incêndio, mas, felizmente, não têm durado mais de 30 minutos. São fogos causados por descuido das pessoas a cortar o mato e por queimadas que escapam ao controlo”, adianta o presidente da autarquia, que este ano abdica das férias para “acompanhar de perto a situação”.

Dispositivo de combate mais preparado

A mesma preocupação é demonstrada pela governadora civil. Para Isilda Gomes, o facto de o Algarve manter-se até este momento sem registar ocorrências graves, “como se temia”, não é motivo para festejos nem para baixar os braços.

“Ainda não podemos comemorar, pois os incêndios continuam a ser uma grande preocupação. Sempre disse que 2010 iria ser um ano complicado e o tempo quente e seco está a dar-me razão. Esperemos que tudo corra bem até ao final do verão”, afirma.

Segundo a governadora civil, “a pronta intervenção dos bombeiros e a utilização dos meios aéreos (helicóptero), logo no primeiro alerta de ignição, está a ter resultados muito positivos, para além de todo o dispositivo que se encontra no terreno”.

O presidente da Câmara de Monchique também realça a evolução do dispositivo de combate aos incêndios, que em 2003 foi praticamente impotente para travar a devastação provocada pelas chamas no concelho.

“Hoje está tudo melhor preparado para responder às ocorrências. Temos equipas da GNR e tropas do exército que circulam armados por todo o concelho, sapadores e produtores florestais que vigiam o terreno, caçadores que limpam e controlam as matas, bem como dois postos de vigilância (Picota e Fóia) e um helicóptero que funciona entre as 8h00 e as 20h00”, revela Rui André.

Além disso, o autarca revela que o município conta com uma equipa suplente de funcionários e viaturas da câmara, que está preparada para atuar em caso de emergência.

Maquinaria pesada para o que der e vier

Pela primeira vez, Monchique pode contar ainda com um grupo de jovens voluntários que vigiam a floresta, que foram colocados nos parques de merendas. “O objetivo é que sensibilizem as pessoas e previnam fogos associados a piqueniques”, explica Rui André.

Como se não bastasse, a autarquia está também a desenvolver um processo de formação de operadores de máquinas pesadas. A intenção é que estes profissionais estejam preparados para combater incêndios e possam colaborar nos rescaldos.

“Neste momento, temos um total de nove bulldozers e cinco retroescavadoras à disposição”, revela o presidente da câmara, salientando que o município também efetua a limpeza de bermas e apoia os particulares que desejam fazer a limpeza à volta das casas.

“Tudo isto, representa um grande salto na preparação e resposta em caso de incêndios de grande dimensão”, evidencia o autarca.

Em relação à população, Rui André garante que, apesar de alguns descuidos, a maioria das pessoas está mais alerta depois do que aconteceu em 2003. “Ao ver tantas pessoas no terreno a prevenir os fogos ao lado dos bombeiros, a população acaba por perceber que estamos num momento crítico e que devem colaborar”, conclui.

Nuno Couto/Jornal do Algarve

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