Algarve vai ter menos hotéis fechados no inverno

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TIVOLI. É uma das cadeias que irá ter os seus seis hotéis do Algarve abertos o ano todo (na foto, o Tivoli Marina Vilamoura)

Inverno promete deixar de ser sinónimo de deserto algarvio e de hotéis fechados. O crescimento turístico no Algarve em 2016 perfila-se ainda maior que o do ano recorde de 2015 e ir além dos meses de pico da época alta. Os operadores turísticos internacionais começaram mais cedo a reservar milhares de camas na região, um movimento que se estendeu aos clientes individuais. As vendas de quartos para o próximo verão começaram a disparar logo no início do ano, e estão nesta altura 40% a 50% acima dos níveis do ano passado. Este aumento antecipado de reservas está a levar os hoteleiros a decidir ter as unidades abertas o máximo de tempo possível ao longo do ano.

“Este ano há hotéis que não vão fechar, ou irão fazê-lo por um período mais reduzido, porque têm procura até novembro, e o mês de março de 2017 também já está a ser procurado”, adianta Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve.

“Reduzimos este ano os fechos dos hotéis no inverno a dois meses no máximo, aproveitando para dar férias ao pessoal e fazer manutenções. Os nossos fechos estão minimizados”, refere Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo Vila Galé, que tem nove hotéis no Algarve. O encerramento dos hotéis do grupo chegou em anos anteriores a estender-se de novembro a fevereiro, mas com o turismo a crescer a operação perfila-se em 2016 mais dilatada no tempo.

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“Estamos numa onda favorável e já com uma operação razoável entre maio e outubro. E temos consciência que este fluxo não era normal no Algarve”, faz notar o administrador da Vila Galé, enfatizando sobretudo um “grande aumento de alemães e de holandeses que fizeram reservas mais cedo”.

Na base do crescimento antecipado este ano no Algarve está o maior interesse dos operadores turísticos internacionais, à cabeça a TUI, a Thomas Cook ou a Thomson, que se apressaram a fazer reservas mais cedo. “Os operadores turísticos estão a fazer grandes cancelamentos e a olhar para destinos mais tradicionais e seguros na Europa”, explica António Trindade, presidente do grupo Porto Bay. “Há desvios muito grandes da operação na Turquia, que, não nos esqueçamos, é o segundo maior destino turístico europeu, e este ano veio por aí abaixo com os recentes distúrbios”. Face aos incidentes na Turquia, mas também no Egito ou na Tunísia, os operadores turísticos cancelaram os programas nestes destinos e estão a virar-se para Portugal, designadamente Algarve e Madeira, e sobretudo para Espanha, em particular ilhas Canárias.

“E para ganhar posição no Algarve os operadores estão a aumentar a operação, que até agora estava muito concentrada no verão”, salienta o hoteleiro, referindo que os operadores “irão começar a operar no Algarve no inverno, embora não todo, mas cobrindo já março, abril e maio e terminando no final de novembro”. Este ano já haverá sinais deste alargamento de operação no Algarve, mas será visível sobretudo em 2017.

“Isto não é só um fenómeno, mas uma tendência civilizacional: está a haver uma procura por ‘christian destinations’, as pessoas estão a evitar fazer férias em sítios onde possa haver distúrbios”, constata António Trindade. “Há um novo tipo de procura, e o facto do Algarve estar a crescer e a afirmar-se é uma oportunidade única que se coloca e nos obriga a todos a repensar e adaptar a oferta a esta nova procura“, sustenta. E face ao previsto alargamento da temporada turística no Algarve, diz que “não se pode continuar a ter hotéis, restaurantes, cafés e bares fechados no inverno”.

“A grande tendência é os operadores turísticos estarem a reservar mais cedo e por mais tempo, já não é só julho e agosto”, concorda Gonçalo Rebelo de Almeida. “Temos aqui uma oportunidade de conseguir mais clientes e de fidelizá-los a Portugal”. E o facto de as reservas já irem até novembro “é muito positivo e dá confiança para evitar fechos de hotéis no inverno por períodos mais longos, como já aconteceu no Algarve”.

Também a cadeia Tivoli, atualmente em plena posse do grupo tailandês Minor (o processo de venda foi finalizado em fevereiro), decidiu este ano ter os seus seis hotéis do Algarve abertos o ano todo, e já em 2015 tinha restringido os períodos de fecho para executar obras ou dar férias ao pessoal. O movimento de ter hotéis fechados no inverno abrandou no Algarve em 2015, e um caso emblemático é o do hotel de cinco estrelas na Praia da Rocha, o Bela Vista Hotel & Spa que integra a exclusiva rede Relais & Chateaux, que optou no ano pela extensão da temporada e não fechar portas em novembro e dezembro, o que acabou por resultar num aumento de receitas de 27%.

O Algarve fechou o ano de 2015 com 16,5 milhões de dormidas, proveitos turísticos de 760 milhões de euros e 1.200 voltas nos seus campos de golfe. “Em função da procura crescente, a tendência é reduzir o tempo de encerramento dos hotéis. O momento é positivo e temos aqui muita margem para crescer fora da época alta”, salienta o presidente da Região de Turismo do Algarve. E face ao que está a acontecer no mundo e a agitar destinos turísticos de grande dimensão, “o Algarve tem condições para ganhar muitos pontos para o futuro”, conclui.

Conceição Antunes (Rede Expresso)

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