A população e os autarcas da Costa Vicentina sentem-se traídos e revoltados com a aprovação inesperada do plano de ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV). O plano pode comprometer as aspirações de desenvolvimento local, ao voltar a interditar e condicionar todos os projetos turísticos (e não só) nos concelhos de Aljezur e Vila do Bispo.
Aos 74 anos, Maria Nascimento esperava viver tranquilamente até ao fim dos seus dias em Maria Vinagre, uma pacata localidade do concelho de Aljezur.
Depois de anos a trabalhar duramente com o marido na Alemanha, de onde voltaram em 1984, o casal investiu as suas poupanças em oito moradias turísticas, uma aposta no alojamento local que tinha tudo para resultar.
“Parecia-me um bom negócio. Diziam-me que aqui não existia quase nenhuma oferta nesta área e que iria haver oportunidades para esta terra se desenvolver”, conta ao JA Maria Nascimento.
Com a notícia “bombástica” da aprovação do plano de ordenamento do PNSACV, na reunião do conselho de ministro da semana passada, a septuagenária foi apanhada de surpresa, assim como toda a população e autarcas.
“Estou com receio de perder tudo o que investi. Afinal, tive muito trabalho para legalizar tudo pela câmara e agora parece que uns senhores de Lisboa querem acabar com o turismo e tirar as pessoas de cá”, protesta a munícipe.
Numa tomada de posição conjunta, os presidente das câmaras de Aljezur, Odemira, Sines e Vila do Bispo também classificaram de “indigna, arrogante e prepotente” a atitude do Governo, que não terá consultado os autarcas como prometeu.
“Fomos enganados e desacreditados. Como permanecemos desinformados, não auguramos nada de bom em relação ao plano aprovado pelo conselho de ministros”, reagiu o presidente da câmara de Aljezur…
(Toda a reportagem na edição em papel do Jornal do Algarve – dia 3 de fevereiro)
Nuno Couto / Jornal do Algarve