Antártida ocidental entra em colapso

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Cientistas acabam de confirmar que o colapso da camada de gelo da zona ocidental da Antártida já começou. Mais uma preocupação séria para os países costeiros. Dois relatórios – um da NASA e outro da Universidade de Washington – divulgados na segunda-feira, coincidem nas conclusões: a perda da massa de gelo causada pelas alterações climáticas é inevitável e será muito mais rápida do que o previsto até agora pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas.

“Tem havido muita especulação sobre a estabilidade das camadas de gelo e muitos cientistas suspeitavam que este tipo de comportamento estaria para acontecer. Este estudo dá uma ideia mais quantitativa das fases do colapso”, diz Ian Joughin, glaciologista da Universidade de Washington, citado pela NBC News.

A perda total da camada de gelo da Antártida ocidental poderia fazer elevar o nível da água do mar em quatro metros, com um efeito devastador para as áreas de costa de todo o mundo.

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A “boa” notícia assegurada pelos cientistas é que o processo levará alguns séculos a acontecer, podendo demorar entre 200 e mil anos, ainda que nada se possa fazer para impedi-lo, nem mesmo cortando drasticamente a emissão de gases responsáveis pelas alterações climáticas, segundo o site do diário “The Guardian”.

Os dois estudos que chegaram à mesma conclusão adotaram pontos de vista diferentes. O da NASA observou a calote de gelo ao longo dos últimos 20 anos, enquanto o da Universidade de Washington usou modelos de computador para projetar o futuro da área.

31 quilómetros desaparecidos

O estudo da NASA, que será publicado nas “Geophysical Research Letters”, observou a retração de seis glaciares na Antártida ocidental que já vêm a ser responsáveis pela subida do nível da água do mar. Um deles, Pine Island, perdeu 31 quilómetros de margem relativamente ao seu centro, entre 1992 e 2011.

Eric Rignot, glaciologista da NASA e da Universidade da Califórnia, citado pelo “The Guardian”, revela que os glaciares incluídos no estudo teriam, só por si, gelo suficiente para acrescentar 1,2 metros adicionais ao nível da água do mar em todo o mundo.

No estudo da Universidade de Washington, a ser publicado no jornal “Science”, os cientistas usam mapas topográficos detalhados, radares aéreos e modelos computorizados para obter maior rigor nas diferentes fases de derretimento futuro da camada de gelo.

A observação concentrou-se no glaciar Thwaites, parte do Mar de Amudsen, zona que é conhecida há anos pelos cientistas como sendo a parte inferior macia da camada de gelo da Antártida, cujo comportamento instável foi identificado há apenas décadas.

“A diminuição que estamos a observar não é uma tendência temporária. É mesmo o início de um colapso em larga escala que se desenrolará por um período de dois a dez séculos”, declara Joughin ao “The Guardian”.

Eric Rignot confessa o seu espanto perante a velocidade das mudanças, que são provocadas pela proximidade dos glaciares e pela erosão da água relativamente mais quente do fundo do oceano: “Este sistema, seja a Gronelândia ou a Antártida, está a mudar numa escala de tempo mais rápida do que antecipámos. Descobrimos isso todos os dias”.

RE

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