Ao correr da pena: Este Mundo desequilibrado em que vivemos!

Este Mundo desequilibrado em que vivemos! (desabafo)

Já tive várias crónicas começadas, algumas mesmo quase acabadas. A que ficou mais perto do final, falava de Jorge Sampaio, figura maior da nossa cidadania, talvez mesmo a maior! Essa crónica ainda haverá de aqui vir, mas tantos são os temas que se têm vindo a mostrar prementes que tenho tido dificuldade em terminar as crónicas começadas.

O que hoje me leva a começar a escrever uma nova, é o facto de termos vindo a assistir a uma série de manifestações que, ligadas ou não entre si, me têm vindo a preocupar mais e mais. Falo das erupções crescentes nas Canárias, dos cada vez mais constantes sismos no Médio Oriente e Turquia, nos crescentemente indomáveis fogos nos Estados Unidos e na Austrália, nas surpreendentes e violentas cheias na Europa Central e na Ásia, na redução drástica da Amazónia, além das cada vez mais tumultuosas monções asiáticas, para além das já costumeiras, mas não menos graves, secas e inundações em África.

Se a isto juntarmos o drama dos refugiados que morrem como tordos na travessia suicida do Mediterrâneo e da América Central, deparamo-nos com uma situação global deveras preocupante! Isto, para já não falar dos mais “pequenos” dramas humanos do Afeganistão, de Hong Kong, de Taiwan, de Mianmar e de tantos outros lugares do Mundo, uns mediáticos, outros nem tanto, a que se juntou essa pandemia do vírus corona em que alguns, contra todas as evidencias, não acreditam!

O Mundo está dramático e clama-se contra a poluição, a sobreexploração da terra, do mar e dos ares! Dir-me-ão que estas coisas não andam ligadas e, provavelmente, muitas não andarão. Mas todos os dramas humanos estão ligados, porque essencialmente partem do desprezo de algumas camadas da população mundial por outras, e da falta de solidariedade que tal situação gera neste Mundo, sejam os Rohingya de Mianmar ou os sobre explorados operários asiáticos, sejam os latino-americanos sem terra em fuga para os Estados Unidos ou os africanos e próximo-orientais escapando das guerras e demandando a Europa. Oitenta milhões de refugiados, é o que tudo isto provocou!

O Mundo está dramaticamente desequilibrado e estas migrações são disso o principal reflexo. A isto se liga (e junta) a sobreexploração de recursos e a consequente sobreprodução de poluentes que forçam as mudanças climáticas a que temos assistido, extremando as condições de vida e destruindo a delicada malha que é o equilíbrio ecológico deste minúsculo planeta em que habitamos e que teremos de continuar a habitar. E digo minúsculo porque, sabendo nós que o Sol, centro do sistema em que gravitamos, contribui com 99,85% do total da massa do Sistema Solar, conclui-se que os restantes 0,15% são repartidos pelos oito planetas que conhecemos (sendo a Terra do grupo dos menores…) e mais uns setecentos e oitenta mil outros corpos que também por aqui gravitam. A Terra nem conta!

Voltando ao tema, é hoje possível assistir a fenómenos climáticos que secam vastas extensões do globo, que destroem colheitas e fazem arder florestas, ao mesmo tempo que, bem próximo, tornados destroem cidades e vastidões agrícolas e violentas tempestades fazem muita terra (com tudo o que ela suporta) correr para o mar, deixando os campos cada vez mais pobres.

Parece estar para breve a libertação de milhões de toneladas de gases com efeito de estufa, até agora aprisionados sob grandes camadas de permafrost, que se têm vindo a derreter. Será o fim! Acresce a tudo isto, a vida interna do próprio planeta Terra que, de tempos a tempos, treme ou vomita lava, em movimentos que, a curto prazo, são imprevisíveis e sempre perigosos.

Se destes fenómenos não temos conhecimento de correlações com actividades humanas, já de todos os outros o ser humano é directamente responsável. Não todos os seres humanos, mas uma apreciável parte da Humanidade. É bem verdade que até há uns 50 anos, não havia consciência da relação entre a poluição produzida e os fenómenos ambientais, nem esses fenómenos eras tão evidentes como hoje: a poluição produzida nessa altura era absorvida pelo planeta sem problemas de maior, como o foi desde o início da Humanidade. A questão só se começou a colocar quando o volume de poluição produzido ultrapassou o que a Terra era capaz de decompor e processar.

Desde então, acumulamos poluentes nocivos e que cada dia são mais e mais perigosos, tanto no ar que respiramos, na água que bebemos e nos alimentos que ingerimos, como nos fogos a que assistimos, nas cheias que sofremos e no inquinamento geral do planeta. Tão nocivos que ameaçam a vida tal como a conhecemos neste minúsculo grão de areia celeste em que habitamos. Daí as migrações desesperadas. Daí as agressões irracionais. É, portanto, mais que urgente que racionalizemos um pouco as nossas vidas.

A Terra dá para todos, com a parcimónia que tivemos durante séculos, de mais a mais agora, com todos os meios de optimização a que temos acesso. É a vida de todos os seres vivos do planeta que está em jogo, dos seres humanos aos outros animais e às plantas. Para que continue a ser possível habitar a Terra, minúsculo grão de areia que nem conta para o tamanho do Universo. Nós é que somos o Planeta B porque a Terra, ela própria, continuará a girar indiferente ao destino de todos nós, à volta do imenso Sol que gravitará neste Universo, até ao fim dos tempos!

Fernando Pinto

Arquiteto – cró[email protected]

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