AOA “incrédula” com possível transferência de radioterapia para Sevilha

A Clínica de Radioncologia do Algarve, inaugurada em 2006, é a única que disponibiliza tratamentos de radioterapia na região

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A Associação Oncológica do Algarve (AOA) mostrou-se “incrédula” com a possível transferência dos tratamentos de radioterapia prestados a doentes oncológicos para uma clínica em Sevilha, pedindo esclarecimentos ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA).

Numa missiva dirigida à presidente do Conselho de Administração do CHUA, a administração da AOA manifestou-se “incrédula” e “surpreendida” com esta possibilidade, na sequência de um concurso público internacional lançado pelo centro hospitalar.

Segundo a AOA, a possível transferência para a cidade espanhola de Sevilha dos serviços de radioterapia atualmente prestados na Clínica de Radioncologia do Algarve, em Faro, é “um grave atropelo aos direitos dos pacientes oncológicos” da região.

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“Neste sentido, somos a solicitar a informação que confirme a intenção da administração do CHUA de proceder à adjudicação deste cuidado de saúde a uma entidade estrangeira, sediada em Sevilha”,refere a AOA, que se reuniu de emergência na quinta-feira após tomar conhecimento desta possibilidade.

A Clínica de Radioncologia do Algarve, inaugurada em 2006 sob a designação Unidade de Radioterapia do Algarve, é a única que disponibiliza tratamentos de radioterapia na região, tendo a sua abertura permitido que os doentes oncológicos algarvios passassem a ser tratados sem necessidade de ir a Lisboa.

“Numa fase de fragilidade e necessidade de apoio familiar do doente oncológico, e numa das etapas fundamentais do tratamento do cancro, ficamos surpreendidos e incrédulos com esta possibilidade”, lê-se no documento.

A carta foi enviada à presidente do Conselho de Administração do CHUA, à Casa Civil da Presidência da República e à ministra da Saúde.

O processo que levou à abertura da primeira unidade de radioterapia do Algarve foi alvo de várias contrariedades, que o atrasaram, tendo o processo estado em suspenso durante aproximadamente seis anos.

Na altura, o projeto mereceu a oposição dos antigos ministros da Saúde do segundo governo de António Guterres: Manuela Arcanjo, no cargo entre 1999 e 2001, e António Correia de Campos, que lhe sucedeu, permanecendo no governo até 2002.

O projeto só receberia o seu primeiro impulso do poder central em 2004, quando o ministro da Saúde de Durão Barroso, Luís Filipe Pereira, autorizou a instalação da unidade e anulou o investimento numa semelhante a instalar no Hospital de Faro, decidida pelo executivo de António Guterres.

A unidade mereceu, no entanto, o apoio político e a comparticipação financeira dos 16 municípios do Algarve, que em janeiro de 2001 assinaram um acordo com a AOA estabelecendo uma capitação de um euro por munícipe, garantindo uma comparticipação de 681 mil euros num investimento total de dois milhões de euros.

Sete meses antes, em 20 de junho de 2000, a Câmara de Faro, tinha doado um terreno para a concretização da obra, atendendo à importância social da unidade.

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