ARS nega que amianto esteja a provocar cancro

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A preocupação em torno da presença de amianto nos centros de saúde tomou maiores proporções no último mês, depois de terem sido detetados casos de doenças do foro oncológico em vários funcionários do centro de saúde de Lagos. No entanto, a Administração Regional de Saúde (ARS) assegura que a cobertura em amianto não está relacionada com nenhum desses casos.

A ARS do Algarve garante que não está estabelecida qualquer relação entre os casos de cancro ocorridos nos profissionais do centro de saúde de Lagos e a exposição às telhas com amianto.

Segundo reconhece a própria tutela, ocorreram seis mortes entre os funcionários devido a doenças do foro oncológico (neoplastias do intestino e cerebral, além de um linfoma), enquanto outros oito terão contraído outras tipologias de cancro. As vítimas têm entre 42 e 72 anos.

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Ainda assim, a ARS refere que, “no estudo realizado em 2010, concluiu-se que a concentração de fibras em suspensão no ar era inferior a 0.01 fibra/cm3, valor indicativo pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como se tratando de área limpa e, portanto, não contaminada”.

Por outro lado, a ARS frisa que os trabalhos de remoção de materiais contendo amianto, nomeadamente no centro de saúde em Lagos, “estão a ser executados por uma empresa qualificada e devidamente autorizada para o efeito”.

No entanto, e face ao alerta de que estariam a surgir um número inusitado de casos de cancro em profissionais do centro de saúde de Lagos, a ARS Algarve mandou elaborar um diagnóstico para identificar os materiais suspeitos de conterem amianto, em abril de 2009.

A conclusão do relatório revelou que “o estado de conservação das coberturas de fibrocimento é aceitável”, mas, ainda assim, alerta que “a proximidade do mar e a sua exposição solar obriga a manter as mesmas sob vigilância com uma periodicidade semestral, no sentido de acompanhar o seu estado de degradação”.

Funcionários foram informados dos riscos

A ARS adianta ainda que, em janeiro de 2011, realizou-se uma reunião no centro de saúde de Lagos “onde se verificou que estavam reunidas todas as condições de segurança”, sendo que a remoção da telhas iniciou-se no dia 11 de janeiro.

Antes disso, a ARS informa que os funcionários receberam um folheto com “informação necessária sobre os riscos e procedimentos a tomar durante a execução destes trabalhos”.

Por tudo isto, a mesma fonte refere que os casos de cancro que surgiram no centro de saúde de Lagos não justificam a realização de um estudo aprofundado, até porque, salienta a ARS, “atualmente considera-se que o cancro não é causado por um único agente ou fator, existindo a ocorrência de fatores múltiplos que interagem para originar a modificação de uma célula normal numa célula maligna”.

“O centro de saúde de Lagos foi inaugurado em 1995 (há 15 anos), não se verificando nenhum padrão ou tipologia dominante nos casos de cancro ocorridos nos funcionários que seja consensualmente associada à exposição às fibras do amianto”, sublinha a ARS Algarve.

Desta forma, e uma vez que não está estabelecida qualquer relação entre os casos de cancro ocorridos nos profissionais do centro de saúde de Lagos e a exposição ao amianto, a tutela coloca de lado a possibilidade de vir a indemnizar os funcionários que entretanto adoeceram.

Nuno Couto/Jornal do Algarve
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