As praias mais bonitas são também as mais perigosas

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A Almargem alerta que, com ou sem intervenções, os banhistas vão continuar em risco em todas as praias de arribas da região

A praia D. Ana, em Lagos, é considerada uma das mais belas do mundo, mas o risco de desabamento é real. A intervenção orçada em 1,8 milhões de euros destina-se a proteger as arribas da erosão provocada pela ação das marés. Porém, a Almargem está contra estes trabalhos, argumentando que “com ou sem realimentação artificial, todas as praias de arribas do Algarve continuarão a pôr em risco os seus utilizadores”

No verão de 2009, a morte de vários banhistas na praia Maria Luísa, em Albufeira, colocou na ordem do dia a erosão costeira das falésias no Algarve e os riscos para o turismo.

Desde então, foram realizadas centenas de intervenções nas principais praias algarvias, com desabamentos controlados e recarga artificial de areia. A maioria das obras incidiu nas zonas consideradas de maior risco, que situam-se entre a Ponta da Piedade (Lagos) e os Olhos de Água (Albufeira).

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Porém, esta solução não agrada à Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, que marcou um protesto, no passado sábado, para criticar a intervenção de recarga artificial na praia D. Ana.

Segundo os elementos da Almargem, “a praia mais bonita do mundo vai ser destruída para, alegadamente, tornar mais seguras as praias do Algarve face ao risco de desabamento das arribas”.

Para os ambientalistas, os 140 mil metros cúbicos de areia que vão aumentar o areal da praia em cerca de 40 metros vão desfigurar esta praia e não vão proteger os banhistas do perigo de desabamento.

“Estas intervenções, por si só, não fazem desaparecer o risco para os banhistas que frequentam as praias de arribas instáveis”, advertem os responsáveis da Almargem, frisando que, “com ou sem realimentação artificial, todas as praias de arribas do Algarve, sobretudo as que estão sujeitas a um maior peso da ocupação urbana do bordo das falésias, continuarão a pôr em risco os seus utilizadores”.

“Novas construções nas arribas surgem com regularidade”

Para a associação com sede em Loulé, “a única solução adequada e honesta passa por manter uma ocupação parcial de cada praia independentemente do seu tamanho e da sua capacidade, delimitando no terreno, com vedações ligeiras de estacas e corda, a respetiva zona de risco”.

Por isso, a Almargem exige ao Ministério do Ambiente a “suspensão imediata” da intervenção na praia D. Ana, assim como reclama “uma maior clareza de processos, nomeadamente com discussão pública prévia das várias intervenções programadas”.

Os ambientalistas realçam ainda que, na zona do barlavento, saltam à vista “vários cenários de risco”, com “arribas fortemente ocupadas por urbanizações turísticas, muitas delas mesmo junto à beira da falésia, surgindo com regularidade ainda mais novas construções”.

Esta situação leva a que haja falta de espaço nos areais e “tem levado à crescente utilização pelos banhistas de espaços na base das falésias”, com todos os riscos que isso acarreta.

A associação lembra ainda que a intervenção em curso poderá destruir a paisagem marítima da D. Ana, que recentemente foi considerada a “praia mais bonita do mundo” pela revista Condé Nast Traveller, e a “melhor praia de Portugal” pelos prémios TripAdvisor.

Evitar males maiores

Outra opinião têm a Agência Portuguesa do Ambiente e a Câmara de Lagos, que defendem esta intervenção para evitar males maiores. “O objetivo é proteger as arribas da erosão provocada pela ação das marés” e prevenir os riscos de desabamentos, frisa a autarquia, adiantando que a utilização da praia deverá ficar condicionada até ao dia 15 de junho.

“No final desta obra, a extensão do areal da Praia da D. Ana ganhará cerca de 40 metros, permitindo por isso mais espaço para os muitos turistas que a procuram, bem como a criação de uma zona de segurança imperativa junto às arribas”, salienta a Câmara de Lagos, referindo que esta intervenção é considerada “indispensável à proteção da frente de mar e à segurança dos utilizadores desta zona balnear de excelência do concelho”.

A autarquia adianta ainda que está ciente de que esta obra irá provocar alguns inconvenientes, mas frisa que a intervenção é “absolutamente indispensável para a viabilidade e continuidade da praia da D. Ana como praia de eleição e cartaz turístico de Lagos”.

NC/JA

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