“Assistência externa” é vital para países em crise de dívida

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Um analista londrino da Morgan Stanley aponta o recurso ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira e ao FMI como a solução essencial para os países em risco de default na zona euro e a mais desejável para os seus credores.
A Morgan Stanley, em uma nota de Arnaud Mares , de Londres, explica porque o recurso ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF; EFSF no acrónimo em inglês) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI) é a única alternativa a um possível default penalizando seriamente os credores e ao aumento do risco político e de um “limiar de dor” social insuportável nos dois países da zona euro – Irlanda e Portugal – atualmente com a situação mais crítica em termos de risco de incumprimento da dívida soberana e de secagem de liquidez.

Recorde-se que, em maio, depois de um arrastamento doloroso do processo, a Grécia acabou por assinar um acordo com o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu para um pacote de financiamento até 2013 de €30 mil milhões por ano por parte do FMI a que se adicionam empréstimos bilaterais por parte de outros membros da zona euro até um montante de 80 mil milhões.

Esforço irrealista

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O analista não crê que seja viável o esforço em geração de excedentes primários que seria requerido – provavelmente, superior a 10% do produto interno bruto (PIB) nos três casos mais críticos, da Grécia, Irlanda e Portugal – para estabilizar a dívida. Uma inviabilidade se se recorrer ao mercado aos preços atuais de financiamento com as yields (taxas de remuneração indicando o nível de juros implícitos a que os investidores estariam dispostos a comprar dívida) no mercado secundário a níveis superiores a um patamar mínimo de 7% para maturidades a 10 anos (no fecho na quinta-feira, segundo a Bloomberg, nos 7,03% para Portugal, 8,90% para a Irlanda e 11,6% para a Grécia). No caso extremo grego, o relatório refere que o excedente primário requerido seria na ordem dos 14% do PIB. Algo absolutamente “irrealista, em qualquer cenário”, diz Arnaud Mares.

Ajustamento orçamental não é suficiente

Analisando como protótipo o caso grego, que está já sob “intervenção” conjugada de Bruxelas e do FMI, o relatório sublinha que “um ajustamento orçamental credível é uma condição necessária, mas, face à assimetria de riscos, não é suficiente”. Mesmo que a trajetória orçamental se mantenha no caminho acordado, o governo de Atenas levará tempo a reconstruir a sua base investidora. “O mesmo se poderá aplicar à Irlanda”, conclui.

Por isso, o analista propõe que o “deus ex machina” entre em ação através do “braço” do FEEF/FMI e com “taxas de juro sensíveis” que tornem viável o ajustamento destes países ao longo de um período que, manifestamente no caso da Grécia, terá de ir além do termo do acordo firmado em maio.

Não conseguir uma solução “sensata e sustentável” (título da nota do analista) pode gerar um efeito de contágio para outros países com situação de divida elevada e em todo o sistema bancário europeu.

Jorge Nascimento Rodrigues /Rede Expresso

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