Associação de Basquetebol recusa acusação de discriminação no caso da jovem muçulmana de Tavira

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A Associação de Basquetebol do Algarve recusa a acusação de discriminação no caso de Fatima Habib, a jogadora de 13 anos do Clube Basquetebol de Tavira que foi impedida de participar num jogo oficial, no domingo, por recusar mostrar os braços.

O seu treinador contou ao Jornal de Notícias que em três épocas a jogadora, que professa a religião muçulmana, nunca tinha sido impedida de jogar por usar um lenço na cabeça, collants e camisola. Mas, no último jogo no fim de semana passado, a equipa de arbitragem constituída por mulheres terá optado por uma interpretação mais estrita das regras devido à presença de um observador, receando serem penalizadas, aponta o treinador André Pacheco.

Originária do Paquistão, Fátima Habib vive em Tavira há quase cinco anos com os seus pais, frequenta o 9º ano e está a poucos meses de conseguir a nacionalidade portuguesa. É descrita pelo seu treinador como a “melhor jogador da equipa”.

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A Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) passou a permitir a partir de 2017 que as atletas usem acessórios que tapem a cabeça, braços e pernas, permitindo ao Irão disputar nesse ano o campeonato feminino de sub-16. Estas regras também se aplicam a Portugal.

Segundo a Associação de Basquetebol do Algarve, as acusações de discriminação veiculadas nos últimos dias na comunicação social não têm fundamento, frisando que “apenas teve conhecimento da situação ocorrida através da comunicação social, desconhecendo como o processo e informações propagadas, algumas incorretas e divulgadas com total desconhecimento dos regulamentos em vigor, chegaram à comunicação social”.

“Após ter conhecimento da ocorrência e no sentido de aprofundar a realidade dos factos, solicitámos o relatório do jogo ao árbitro principal nomeado para o mesmo; Além disso, foram mantidos contactos informais com o treinador da equipa de Sub 16 Femininos do C.B. Tavira e com elementos da arbitragem presentes no jogo”, adianta o diretor técnico da AB Algarve, Orlando Faustino, em comunicado enviado à redação do JORNAL do ALGARVE.

O mesmo responsável explica que “não foi permitida a participação da atleta no jogo devido à utilização de equipamento não-regulamentar, uma vez que a atleta utilizava uma blusa de mangas compridas e largas”, acrescentando que “os juízes, no decorrer do aquecimento da equipa, cumprindo as suas funções, informaram o treinador desta situação”.

Orlando Faustino esclarece ainda que “o pai da atleta foi contactado pelos dirigentes da AB Algarve e da Federação Portuguesa de Basquetebol no sentido de lhe transmitirmos o motivo pelo qual não foi permitida a utilização da sua educanda no jogo – utilização de equipamento não-regulamentar”, e que, “ao mesmo tempo, no sentido de evitar constrangimentos futuros e de modo a proporcionar a continuidade da prática da modalidade pela atleta, o seu familiar foi devidamente informado acerca dos procedimentos exigidos pela FIBA para os equipamentos”.

Por último, a AB Algarve sublinha que “recusa frontalmente na sua regulamentação, na sua organização e na sua cultura, qualquer tipo de discriminação, seja ela de etnia, de género ou de religião”.

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