Associação de empresas florestais critica falta de investimento na floresta nacional

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A Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA) atribuiu hoje os incêndios à falta de investimento na floresta, defendendo que o Programa de Desenvolvimento Rural (Proder) “poderia ser o principal meio de combate” aos fogos.

“Com um cenário severo de alterações climáticas não podemos esperar por um verão menos quente ou um inverno menos húmido e propício ao desenvolvimento de vegetação. É preciso, sim, investir na floresta, na sua manutenção e preservação, ou seja, é necessário que o Proder entre em funcionamento”, sustenta em comunicado.

Afirmando que “desde o anterior Quadro Comunitário não há investimento na floresta nacional”, a ANEFA considera que “o Proder poderia ser o principal ‘meio de combate’ aos incêndios florestais”, ao permitir “que municípios, empresários, proprietários e produtores florestais tivessem dinheiro para investir na floresta, efetuando as necessárias ações de silvicultura preventiva nas suas áreas”.

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Paralelamente, defende a importância “de as matas estarem permanentemente vigiadas pelos prestadores de serviços que estariam a efetuar limpezas florestais”, a que acresceria o fator de “manutenção de postos de trabalho numa altura em que se torna premente o decréscimo da taxa de desemprego”.

Segundo a ADEFA, tendo por base os cerca de 400 mil proprietários cujos rendimentos advêm do capital investido em floresta, e considerando uma média de três pessoas por agregado familiar, “mais de 12 por cento da população portuguesa comporta as consequências dos incêndios florestais nos seus rendimentos”.

A associação destaca ainda o “impacte significativo” dos incêndios florestais em termos económicos, avançando que a área de pinheiro, eucalipto e sobreiro ardida em 2005/2006 em Portugal Continental (respetivamente 16,4, 9,9 e 2,6 por cento da área total de cada espécie no país) representou um custo superior ao da construção dos estádios de futebol do Euro 2004.

“Fazendo uma retrospetiva dos últimos 10 anos, verifica-se que o custo dos incêndios florestais daria para cobrir os investimentos referentes ao equivalente a um quarto do valor de construção do TGV”, refere.

Apesar deste impacto, a ANEFA denuncia que, entre 2000 e 2004, apenas foram investidos em prevenção cerca de 150 milhões de euros, contra 330 milhões gastos no combate aos incêndios, “o que transfigura uma clara falta de estratégia”.

Relativamente ao Fundo Florestal Permanente (FFP), criado em 2004 e que fez de Portugal o único país europeu com um fundo de apoio à floresta, a ANEFA afirma que “gera anualmente 30 milhões de euros”, mas que “esta verba apenas tem sido aplicada no apoio ao planeamento, criação e manutenção de estruturas organizativas ligadas à produção, arranjo de caminhos e estradas”.

“Os 150 milhões de euros já adquiridos por este fundo dariam para arborizar mais de 100 mil hectares ou para limpar cerca de 200 mil hectares, ajudariam na criação de mais de 10 mil postos de trabalho permanentes e representariam 37 milhões de euros de contribuição para a Segurança Social”, sustenta.

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