Ataque de mil africanos e árabes a mulheres em cidade alemã reacende debate sobre refugiados

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A atuação da polícia, que na altura dos ataques evacuou o local deixando os atacantes escapar, está a ser fortemente criticada

A polémica podia ter rebentado na noite de passagem de ano, quando cerca de mil homens atacaram dezenas de mulheres na estação de comboios de Colónia, na Alemanha, mas demorou cinco dias a acontecer. E é por isso que agora a polémica se adensa, com acusações dirigidas à polícia alemã e aos meios de comunicação social por estes terem alegadamente encoberto o caso com o objetivo de proteger os atacantes, conta o britânico “The Guardian”.

Na origem da controvérsia que está a invadir a Alemanha estão as declarações da polícia e das testemunhas, que descrevem os homens que violaram, assediaram e assaltaram estas mulheres como sendo aparentemente de origem árabe e africana. Esta informação desencadeou a ira de grupos de extrema-direita alemães, como o Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla alemã) e o “Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente” (Pegida, em alemão), que têm atribuído as culpas às políticas de imigração e acolhimento aos refugiados do Governo de Merkel.

Em causa está o tempo que a notícia demorou a chegar aos media e a ser reconhecida pelo Governo alemão – só esta terça-feira surgiram as primeiras declarações oficiais da prefeita de Colónia Henriette Reker e do ministro do Interior Thomas de Maizière. Para mais, quando Reker finalmente falou, viu-se ridicularizada nas redes sociais por aconselhar as mulheres tomar medidas como manter um braço de distância de pessoas desconhecidas para evitar situações semelhantes.

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“Não há provas de que agressores sejam refugiados”

Tanto o chefe da polícia local, Wolfgang Abers, como Reker já vieram a público pedir que não se tirem conclusões precipitadas.“Não há provas de que os atacantes com quem estamos a lidar sejam refugiados”, disse a prefeita de Colónia na mesma conferência de imprensa. Abers também já aproveitou para acescentar que “até agora, não sabemos quem são os agressores”.

A atuação da polícia também tem sido muito criticada, inclusivamente pelo próprio Maizière, que esta quarta-feira declarou à BBC que “a polícia não deve trabalhar desta forma”, explicando que deveria ter intervindo no momento em que tudo aconteceu, em vez de evacuar aquela praça e optar por esperar que as queixas aparecessem. Um relatório da polícia divulgado pelo tablóide alemão “Bild” revela que a polícia não conseguiu fazer frente aos agressores porque se deparou com um cenário assustador ao chegar ao local, onde “milhares de homens, aparentemente migrantes, lançavam fogo de artifício e atiravam garrafas à multidão”.

Esta quinta-feira, a AFP anunciou que já estarão a ser investigados 16 dos supostos agressores, mas até agora não houve nenhuma detenção relativa ao incidente.

Agressores dividiram-se em grupos para atacar

O “The Guardian” explica, com base no relato de testemunhas, que os homens, maioritariamente entre os 15 e os 35 anos, rodearam as mulheres em grupos de 30 a 40, para depois as atacarem. A polícia concluiu que aparentemente os ataques, que aconteceram em menor escala em Estugarda e Hamburgo, terão sido coordenados.

Não são só os grupos de extrema-direita que mostram descontentamento. Na terça-feira à noite, cerca de 300 mulheres manifestaram-se no local onde os ataques aconteceram, criticando a alegada inação da chanceler alemã. Nos cartazes liam-se mensagens dirigidas à chefe do Governo como “Onde estás, Merkel?”.

Pelo menos duas violações

Até agora, foram apresentadas à polícia alemã cerca de 100 queixas, sendo que duas delas são de violação e dois terços remetem para abusos sexuais.

A Alemanha tem vivido um aceso debate interno sobre o acolhimento de refugiados. Este ano, o país de Merkel recebeu mais de um milhão de migrantes.

(Rede Expresso)

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