Chen Guangcheng diz que saiu da embaixada norte-americana em Pequim após ameaças de que a sua mulher seria espancada até à morte.
“A minha grande esperança é que seja possível partir com a minha família para os Estados Unidos no avião de Hillary Clinton”, declarou o ativista chinês Chen Guangcheng ao “Daily Beast “, no hospital em Pequim onde se reuniu ontem com a mulher e filhos e recebeu assistência médica.
Numa declaração telefónica à agência Associated Press, Chen Guangcheng disse que saiu da embaixada de livre vontade mas que os Estados Unidos – que estabeleceram um acordo com a China para garantir a sua segurança e da sua família – o pressionaram também nesse sentido.
O ativista disse ainda que recebera ameaças de funcionários chineses, que declararam que iriam espancar até à morte a sua mulher caso permanecesse sob a protecção norte-americana.
Chen Guangcheng mostrou algum desapontamento com a atuação dos Estados Unidos, considerando que o “Governo norte-americano não foi suficientemente proativo”.
O ativista teria recebido garantias do embaixador norte-americano de que permaneceria com ele no hospital, mas diz que logo após ter dado entrada no quarto percebeu que todos tinham abalado e que ficara sozinho.
Receios da atuação da China
O modo como os acontecimentos se desenrolaram, após a sua saída da embaixada norte-americana, contribuiu para Chen Guangcheng ter mudado de ideias quanto à decisão de permanecer no país, sob o compromisso de Pequim de garantir a sua segurança e da sua família, e ainda de que poderia estudar Direito na universidade.
Segundo o “The New York Times”, até os Estados Unidos têm sérias dúvidas de que a China respeite o compromisso.
Recorde-se que Pequim pretende um pedido formal de desculpas de Washington devido à sua participação ao caso de Chen Guangcheng, por considerar que se tratou de uma intrusão inadmissível nos seus assuntos internos.
Chen Guangcheng esteve seis dias refugiado na embaixada norte-americana, para onde escapou da prisão domiciliária em que se encontrava. Acabou por abandonar a embaixada ontem, seis horas depois da chegada à China da secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton.
Clinton, que anteriormente expressou o seu apoio a Chen, não referiu o seu nome nos encontros com representantes chineses, mas frisou que as parcerias entre os dois países serão mais fortes se a China proteger “os direitos de todos os seus cidadãos”.