Autarcas querem reforço médico numa altura em que população triplica

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O reforço de médicos no Algarve foi ontem reclamado por autarcas locais, que defendem o aumento de clínicos num período em que milhares de turistas estão a banhos no sul do país, pressionando o sistema de saúde existente.

O presidente da Câmara de Loulé, Seruca Emídio, sugere mesmo a oferta de férias a médicos em troca de prestação de serviços clínicos durante a época alta.

“Estou convencido que os médicos que viessem de férias 15 dias se iriam disponibilizar para fazer dois ou três serviços por semana para ajudar a colmatar a carência médica que existe na região”, defende Seruca Emídio, também ele médico.

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Num momento em que a população praticamente triplica com a chegada de turistas, as unidades de saúde das áreas mais movimentadas estão a rebentar pelas costuras e os médicos não chegam para todos os pedidos, acusam os autarcas.

Contudo, o presidente da ARS, Rui Lourenço, garante que a região é “segura” do ponto de vista da rede de urgência e diz que a rede foi qualificada em termos de equipamento e recursos humanos e até mesmo alargada.

“A única diferença em relação ao ano passado é que não conseguimos contratar médicos para a consulta do turista”, sublinha, lembrando que desde abril deste ano a região dispõe em permanência de um helicóptero do INEM.

Além disso, refere, existem desde 2009 quatro ambulâncias de Suporte Imediato de Vida que até 2008 não existiam, tal como uma rede de serviços de urgência fora dos hospitais, em Albufeira, Lagos, Loulé e Vila Real de Santo António.

Seruca Emídio defende, por seu turno, um reforço de médicos naquele que é o maior concelho do Algarve e recorda que, no passado, o atendimento nos centros de saúde era reforçado, ao contrário do que hoje existe.

Na sua opinião, deveria existir uma articulação entre as autarquias e a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve para disponibilizar alojamento aos médicos que viessem para a região.

Em Albufeira, a autarquia está a pagar alojamento a dois médicos estrangeiros ao abrigo de um protocolo com a ARS/Algarve e o presidente da Câmara, Desidério Silva, está disponível a outras propostas, desde que melhore a qualidade dos serviços.

“Se queremos ser um destino de referência como queremos vendê-lo, a segurança e a qualidade dos serviços de saúde têm de estar assegurados”, defende Desidério Silva.

O mesmo diz Manuel da Luz, presidente da Câmara de Portimão, que considera importante “garantir as respostas da região” no sentido de reforçar “o sentimento de segurança aos que nos visitam”.

“Saber-se que existem profissionais de saúde em número suficiente é, na minha opinião, um factor determinante para se eleger o Algarve como destino de férias”, sublinha o autarca de um dos concelhos mais turísticos da região.

Também em Alcoutim, concelho do interior algarvio com menos de quatro mil habitantes, a falta de médicos é uma realidade, uma situação que piorou desde que o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) da vila deixou de receber urgências.

O presidente da Câmara, Francisco Amaral, explicou que o serviço de saúde em Alcoutim já teria entrado em “rotura” se um dos médicos não se tivesse mantido ao serviço, mesmo reformado.

“Até uma pessoa que precise de levar pontos por causa de uma ferida no dedo tem que chamar uma ambulância para levá-la para Vila Real de Santo António”, reclama Francisco Amaral, que também é médico.

Só nos últimos dois anos, diz o autarca, a Câmara e os Bombeiros locais já compraram quatro ambulâncias, um gasto de dinheiro “desnecessário” já que o serviço que agora se presta é “pior”.

No entanto, este cenário da saúde só deverá ser alterado com a construção do novo hospital central do Algarve, uma obra anunciada para o Parque das Cidades (Faro/Loulé) que ainda não saiu da fase de projeto.

Para o presidente da Câmara de Loulé, a obra constitui “um elemento fulcral para a saúde no Algarve para atrair novos profissionais e fixá-los à região”, recordando que o número de hospitais privados na região aumenta de ano para ano.

AL/JA

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