Autódromo pode estar a um passo da Fórmula 1

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Os conflitos que se vêm acentuando no mundo árabe, para onde o “circo” da Fórmula 1 tem vindo a ser desviado nos últimos anos, podem ser a oportunidade que o Autódromo Internacional do Algarve esperava. Desde a sua inauguração, há pouco mais de dois anos, já passaram pelo circuito de Portimão cerca de um milhão de pessoas para assistirem às maiores provas internacionais de automobilismo e motociclismo. Só falta mesmo a F1 para catapultar o autódromo e a região para outros voos. Entretanto, enquanto esse sonho não se concretiza, o administrador Paulo Pinheiro revela os próximos passos do projeto, que passam pela inauguração do complexo turístico e o início da construção de uma das fábricas do parque tecnológico.

Jornal do Algarve – Que balanço faz da atividade do complexo do autódromo, desde a sua inauguração, em novembro de 2008?
Paulo Pinheiro –
Desde a sua inauguração que o Autódromo Internacional do Algarve (AIA) tem sido palco dos mais diversos e prestigiados eventos desportivos, tendo vindo gradualmente a dar continuidade à expansão do projeto Algarve Motor Park, onde se insere a pista algarvia, do qual constitui o núcleo central. Em termos desportivos, o AIA recebeu em dois anos as mais prestigiadas provas nacionais e internacionais de automobilismo e motociclismo. Para além das provas oficiais, recebemos testes de várias categorias, inclusive da Fórmula 1, sendo o AIA elogiado pelos melhores pilotos a nível mundial, como Michael Schumacher, Fernando Alonso, Lewis Hamilton, Felipe Massa, Pedro de la Rosa, Olivier Panis,Troy Bayliss, Max Biaggi, Carlos Checa, etc. Para além disso, recebemos variadíssimas apresentações mundiais de automóveis, motos, recebemos track days organizados por empresas de vários países. Tiveram também lugar outros eventos, musicais, de ciclismo, entre muitos outros.

J.A. – E quantas provas e espetadores já passaram pelo circuito até agora? E a competição que atraiu mais público às bancadas?
P.P. –
No total, o AIA já recebeu aproximadamente um milhão de visitantes e tem sido uma enorme fonte de receitas para a região algarvia, sobretudo em épocas de baixa afluência turística, contrariando a sazonalidade nesta região do país, que vive maioritariamente do turismo de sol e mar. Em dois anos de atividade, o AIA recebeu 15 provas de campeonatos internacionais: Campeonato do Mundo de Superbike (três edições), GP2, Superleague, Le Mans Series (duas edições), FIA GT (duas edições), WTCC, A1GP, Campeonato de Espanha de GT, Internacional GT Open, Race of Champions, testes de F1, entre outros. Em relação à prova que registou mais adeptos foi a prova inaugural: SBK 2008, logo seguida do GP2 Series, em 2009.

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J.A – Com os conflitos que se vêm acentuando no mundo árabe, para onde o “circo” da Fórmula 1 tem vindo a ser desviado nos últimos anos, acha que o circuito de Portimão pode ter alguma hipótese de vir a ser selecionado na próxima época?
P.P. –
Esse facto joga, com efeito, a nosso favor. Os pilotos mostraram-se agradados com o circuito de Portimão, a pista reúne todas as condições, mas vamos esperar, já que hoje em dia o investimento para trazer um Grande Prémio de F1 é enorme, embora o retorno direto económico seja muito superior.

J.A. – Consegue quantificar o impacto do AIA na economia local?
P.P. –
É difícil, porque embora aquando das corridas façamos estudos do impacto económico direto das provas, temos depois cerca de 250 dias por ano, que não conseguimos quantificar o impacto do circuito na economia local, que é enorme. Por exemplo: ao termos as apresentações mundiais da Mclaren, da Continental, da Triumph, bem como mais três apresentações que iremos ter, entre março e junho de 2012, os impactos são enormes, mas difíceis de quantificar. Há, também, a imagem da nossa região, que passa lá para fora e que tem um impacto enorme. Podemos avançar com uma estimativa de cerca de 18 milhões de euros.

J.A. – O que ainda pode vir a representar o AIA num futuro próximo para a região algarvia e até para o país?
P.P. –
Mais investimento, mais emprego, mais atratividade turística. O autódromo não é uma infraestrutura isolada. Para além das outras já referidas (kartódromo, parque tecnológico, central fotovoltaica), o Algarve Motor Park contempla ainda outras infraestruturas, como é o caso do complexo desportivo, da pista TT. E existem outros projetos em mente que irão contribuir decisivamente para o seu desenvolvimento e, consequentemente, da procura por parte de outros investidores e turistas. Aliás, com a conclusão do hotel e dos apartamentos turísticos, iremos criar mais cerca de 220 postos de trabalho diretos, que se juntam aos cerca de 80 diretos existentes neste momento, e mais de 200 indiretos atualmente.

J.A. – Que sentimentos lhe trespassam o coração ao ver crescer este seu “circuito de sonho”?
P.P. –
Neste momento, é continuarmos a ganhar eventos e corridas, para mantermos a taxa de ocupação que temos tido, sempre superior a 80 por cento, e permitir que as infraestruturas à volta continuem a crescer de forma sustentada, como tem sido o caso do kartódromo e do autódromo. Estamos a ter o melhor ano desde a nossa inauguração, mas tudo o que temos ganho, é com enorme esforço, já que os circuitos espanhóis são muito agressivos em termos comerciais e nós temos conseguido ser mais competitivos que eles.

J.A. – E qual o ponto da situação dos outros projetos, após a conclusão do kartódromo, no ano passado? Este ano vai ser decisivo, com a inauguração do complexo turístico…
P.P. –
Como sabe, o início de todo o projeto coincidiu com a crise económica que ainda agora estamos a sofrer, tendo o nosso plano de investimento sido ajustado, para fazer face a esta nova realidade. Mas, ao longo deste ano, irá iniciar-se a construção de uma das fábricas do Parque Tecnológico (estamos apenas a aguardar pelo licenciamento) e, no último trimestre do ano, iremos inaugurar o complexo turístico, o que nos irá fazer avançar mais um degrau na estratégia que delineamos desde o início. Em curso estão o hotel e o complexo dos apartamentos turísticos, que estarão concluídos no último trimestre deste ano, representando um investimento de cerca de 31 milhões de euros.

J.A. – E pode desvendar alguns dos projetos/empresas que estejam de olho no autódromo? Muitas equipas e marcas já testam regularmente na região…
P.P. –
Neste momento há alguns contactos, mas não podemos ainda divulgar nomes.

J.A. – E qual é a grande ambição da equipa Parkalgar, que disputa o campeonato do mundo Supersport? Ser campeões desta categoria pode significar um “empurrão” para o AIA em termos promocionais?
P.P. –
A equipa é, sem dúvida, um importante veículo de promoção do nome AIA além fronteiras. Sermos campeões do mundo é o nosso objetivo. Vamos lutar por isso até ao último segundo, depois de nos últimos dois anos termos sido vice-campeões mundiais e termos o recorde de vitórias numa época (oito).

Nuno Couto/Jornal do Algarve
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