AVARIAS: 2019/2020

Nem Greta Thunberg, nem os índios da Amazónia, António Guterres, outra a vez a Greta; ainda os fogos da Austrália que podem concorrer a dois mil e dezanove e dois mil e vinte e estou a juntar pessoas e factos (fatos,para quem aplica o actual AO pela metade). Para o Avarias um dos factos de 2019 (última parte), foi a perda do avião para a Madeira (em que seguiria em primeira classe, a fim de passar o Natal na ilha da Madeira), por parte da senhora Dolores Aveiro, com todas as consequências que trouxe ao Mundo: a pessoa em questão teve que seguir num “low–cost” (terá sido desinfectado para o efeito? Penso que a companhia aérea terá, por momentos, pensado em cancelar o voo para os restantes passageiros, mas a confusão e as indemnizações daí resultantes seriam mais que muitas e muitas vezes o óptimo é inimigo do bom). Para mais (para muito mais, diria eu), ter-se-á dirigido do Terminal um para o dois, no aeroporto de Lisboa (a fazer fé em Flávio Furtado herói da nossa televisão que reportou o caso para uma das revistas de grande circulação em Portugal), no interior de um autocarro normal, junto a mais trinta ou quarenta pessoas normais, com roupas compradas em lojas normais, com empregos normais e famílias normais. Será caso para dizer: já chegámos à Madeira? Para onde vai o Mundo, em que uma personalidade como a da dona Dolores desce tão baixo, que tenha que fazer uma viagem de avião de hora e meia em classe económica? Não sei mas espero que dois mil e vinte mo diga.

O segundo facto é o da grafitização da escultura de Pedro Cabrita Reis, encomendada pela módica quantia de trezentos mil euros pela câmara municipal de Matosinhos. É um crime o que fizeram aos carris artisticamente dispostos, mas, Senhor, porque ninguém tem dito nada nem feito coisa nenhuma aos milhares de grafiti, distribuídos por esse país fora, noutros monumentos, obras de arte, edifícios e tudo o resto? Ou,“isto é leça”, “os nossos impostos 300000 euros”, não podem estar, mas “GECO”, “the kine” ou “are you crazy?” podem? Andam todos preocupados, que será da ascensão da extrema-direita, mas não me parece que pela questão discutida estejamos mais próximo de ter o André Ventura no poder. Em Portugal só nos/lhes interessa o extremo direito do FêCêPê e do Benfica, pelo menos, por enquanto e nos próximos vinte anos. O problema é que o mais próximo que estamos da arte contemporânea é quando visitamos o MAAT ou o museu Berardo e saímos de lá com mais perguntas que respostas. Além disso, não será alheio a tudo isto a discussão que muitos mantêm sobre se arte não será, hoje, sobretudo um prolongamento dos interesses de galeristas e suas extensões, os críticos. Sei que o cachimbo que vejo na minha frente, não é um cachimbo, mas talvez não fosse má ideia, as pessoas pensarem num exemplo escatológico e estúpido que lhes forneço: o que diriam os matosinhenses se em vez de calhas de comboio a obra de arte em causa fosse, só por exemplo, uma gravação do gargarejo feito por um capitão de um navio de marinha mercante mal da faringe, a passar continuamente em 24 horas (a história da ligação ao mar) no meio das avenida marginal, recolhido, obviamente, por Pedro Cabrita Reis. Seria arte? Pelo menos não se grafitava.

Fernando Proença

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