AVARIAS: A tinta, os aventais e a chuva de fogo

Já o escrevi antes mas volto à vaca fria: pelo canto do olho vejo um jogo do Campeonato de Portugal e continuo a não entender completamente a razão que leva a que, sendo alguns dos clubes que me vão aparecendo na frente, patrocinados por marcas ou lojas de tinta, apresentam uns campos que não veem tinta há séculos. Neste preciso momento estão em campo Lourosa e Vila Real, no campo do Vila Real, que como manda a sapatilha, sendo preto e branco, apresenta bancadas pretas e brancas. Digo melhor, devia apresentar bancadas pretas e brancas, mas, na realidade, são cinzentas escuras e cinzentas claras, mosqueadas onde o bolor é rei e, já agora, senhor. É para isso que o Canal 11 faz falta: para que os clubes vão percebendo que os seus pequenos estádios ficam muito melhor na televisão se estiverem pintadinhos e medianamente tratados. Estes pequenos pormenores também ajudam a fazer e manter os clubes. Sei como a tinta é cara e mão-de-obra nem sempre a melhor, mas se o patrocínio é de uma marca de tinta, já não falta tudo…

Olhei, com atenção irregular, um programa numa televisão generalista sobre a Maçonaria. Alguns dos titulares falaram sobre o amor, a fraternidade e as razões que levam, segundo eles, a que alguns (muitos?, poucos?, uns quantos?) portugueses adiram à colectividade. Falou-se em grupos de pressão como forma de levar pessoas para a causa, questão completamente posta de parte por parte do grão-mestre do, qualquer coisa, lusitano. Dizem eles que o segredo não é o emprego que se arranje ou o negócio que corre melhor depois de um empurrão, mas uma questão de afecto e amor. Eu não sei o que se passa no interior das lojas maçónicas, mas penso que só pode ser mesmo amor que faz alguém aderir à dita, por que se não for isso não se compreende como um chefe (ou sub-chefe) de família (segundo sei, as mulheres só em circunstâncias muito particulares e apenas em determinadas lojas podem aderir: mais um ponto para o lado das senhoras!) pode andar com uns fatos daqueles, mais uns adereços dignos dos piores/melhores (riscar o que não interessa) convívios de Carnaval, complementados por uns aventais de banda desenhada. Depois são os segredos, as coisas que têm nomes supostos, como se navegássemos sempre no reino dos mistérios de uma conspiração mundial para atingir algo que não conhecemos, mas ficamos cansados de esperar para ver.

A Austrália é um país que é um continente. Sabemos que as noções de escala e distâncias, que temos na cabeça, não se aplicam por lá. É por isso que não entendo (a televisão não é a escola, mas às vezes podia fazer melhor o seu trabalho) como é que os noticiários nos dizem que não pára de chover na zona onde antes houve seca e incêndios e, ao mesmo tempo, ainda existem (supostamente lá), dezenas de fogos activos. Se calhar convinha que explicassem bem como é que se pode aplicar na Austrália o tão português provérbio, “não se pode ter sol na eira e chuva no nabal”. Não era nada mau.

Fernando Proença

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