AVARIAS: Acalmia

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Colaboradora. Designer.

Mesmo nos dias de levante, com aquela ondulação larga que o caracteriza, há sempre momentos de acalmia. É mais ou menos o que se passa agora, com as potenciais notícias capazes de alterar a ordem televisiva criadora dos noticiários das horas do almoço e jantar; anda tudo em banho-maria. A questão Maduro (na crista da onda da semana passada) estabilizou, não se vendo grandes hipóteses de alteração nos tempos mais próximos, o que pode ser bom para alguém, mas péssimo para as notícias, e os venezuelanos com fome, em particular. Trump (onda mais pequena, mas vinda já de muito longe) fez um discurso do estado da nação, segundo parece, mais comedido que as suas loucuras habituais. Terá percebido alguma perda de popularidade e optado por alterar o seu princípio de pistoleiro da política; agora chega a pensar antes de escrever. Claro que os dois empates do FêCêPê, fizeram encostar o Benfica (escrevo antes do Benfica – Nacional) e assim, sempre existem mais umas notícias em torno dos convocados para os jogos dos chamados “grandes” – onda reiterada, antiga, mais ou menos independente de ser levante ou ondulação de sudoeste. Dessa forma vão-se compondo os momentos noticiosos. É evidente que o CMTV não precisa dessas bagatelas, porque mortes há-as todos os dias e gente capaz de vir à televisão contar de sua justiça, também.
Também ouvi o responsável pela prevenção rodoviária portuguesa (José Manuel Trigoso) que acentuou a subida do número de peões atropelados no último ano. Números são números e contra isso não há nada a fazer. Diz, Trigoso, que o limite de velocidade dentro das localidades tem que ser revisto. Actualmente, os cinquenta, servem essencialmente para a caça à multa nas estradas em que ninguém se lembra de ter visto um acidente envolvendo um peão há, pelo menos, dez anos: não sei se é disto que ele fala. Às tantas não seria descabido procurarem excesso de velocidade em vias mais movimentadas em que alguns condutores, feitos Fittipaldi, colocam em perigo toda uma comunidade. Mas não dá tantas multas e os objectivos, todos sabemos, são para se cumprir. Quando José Manuel Trigoso aponta os holofotes da culpa apenas para os automobilistas, gostava de lhe perguntar se ele anda de automóvel na cidade e toma atenção ao modo descabelado e irresponsável como muitos peões se comportam a atravessar a estrada, colocando-se em perigo e passando para os automobilistas todos o ónus da culpa. Já vi gente atirar-se para a estrada de cabeça em baixo e auriculares nos ouvidos, parecendo sonâmbulos em processo de formação. Estão a fazer tudo mal, mas nunca serão culpados do – possível – acidente que lhes pode custar a vida ou, no mínimo, um braço partido. Os peões estão claramente em desvantagem perante os automóveis, mas isso não os pode isentar de responsabilidades. Hoje, no entanto, não parece ser politicamente correcto apontar o dedo aos – como se diz agora – cidadãos automobilizados. Na terra (Portugal) do oito e do oitenta, os peões passaram, num ápice, de não terem direitos, para os terem completamente, em qualquer circunstância. Mas num mundo de tudo ou nada, não admira, infelizmente, que a justiça reproduza os tiques da sociedade.

Fernando Proença

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