AVARIAS: Agora um pouco de rádio e televisão

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Colaboradora. Designer.

Mesmo ainda há pouco ouvi (na Antena 3), na rúbrica “Fricção Científica” (dentro em pouco e à luz de um acordo ortográfico que não acordou esta palavra, será “Frição Científica”), que as baratas poder-se-ão tornar indestrutíveis, reagindo com total desfaçatez contra todo o tipo de venenos com que as queiram eliminar. Trata-se, segundo ouvi, das conclusões de um estudo feito com baratas alemãs. Penso que barata alemã se tratará de uma categoria dentro da espécie; qualquer coisa como, baratas iguais às outras, mas com melhor qualidade de construção, distinguindo-se por se deslocarem em perfeitas filas indianas (que é um contrassenso) e por envergarem uns bigodes mais curtos que a restante espécie (esta é uma piada embrulhada, um bocadinho ligada a um antigo austríaco que governou um país vizinho). A existir, essa espécie, seria a legítima herdeira das baratas de um velho conto de Patricia Highsmith de que não sei o nome, mas de que me lembro o assunto: milhões de baratas tomavam um edifício e despachavam os humanos que lá viviam. Já não sei se se tornavam donas do mundo, embora já alguém tenha dito que no caso de os humanos desaparecerem da face da Terra, também o baratal iria à vida, contrariando o que para aí se diz em relação à capacidade de sobrevivência da espécie. Apesar de confiar plenamente que todas os bichos (todos, todos, não sei…), terão, supostamente direito à vida, a barata não é, exactamente, um bicho com que simpatize, por isso (só por isso) me faz espécie o décor do programa da SIC “Circulatura do Quadrado” (com Jorge Coelho, Lobo Xavier e Pacheco Pereira), que é o sucessor da “Quadratura do Círculo”, o tal que foi uma das rampas de lançamento de António Costa. Por detrás dos convidados aparece, em fundo, uma imagem digital em que por fora de um quadrado (?) existe um círculo que se faz e desfaz durante todo o programa. E o que marca a dianteira do círculo é uma marca negra um bocadinho mais larga que o risco, que faz continuamente a viagem mais parecendo uma barata numa parede, em exercícios de geometria. Pode ser uma parvoíce minha, mas gostava que os meus quatro amigos fizessem o pequeno exercício de dar uma vista de olhos ao programa (chato, quando não é Pacheco Pereira a usar da palavra) e depois digam lá se aquilo não é uma barata às voltas, às voltas…

Por falar em programas de rádio, de vez em quando lá vou ouvir as gravações de “SOS Vinil”, programa de Miguel Esteves Cardoso na Antena 1 (uma música por dia, criada nos últimos cinquenta anos). Não sei se está de volta o velho MEC da música, mas a verdade é que o pequeno apontamento (dura o tempo da música, mais as palavras de apresentação a cargo de Esteves Cardoso) resulta, no mínimo, refrescante. A visão que Miguel tem da música, gostemos ou não das suas escolhas é abertamente pessoal e intransmissível, além que contraria o universo da crítica musical dos tempos que correm, ou muito técnica ou continuamente cheia de lugares comuns. MEC fá-lo sempre, à força de paixão e uma visão muito peculiar e informada da música pop. Difícil pedir mais.

Fernando Proença

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