AVARIAS: Agosto é Agosto

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Colaboradora. Designer.

Quando se chega a meio do meio de Agosto e a televisão não nos reserva demasiadas novidades pode-se dizer que estamos em casa. E estar em casa, pode ser melhor do que estar na rua. Por exemplo, vi uma pequena parte da final da Supertaça, e, no que ouvi, os comentadores da RTP1 (quando calha trabalharem no norte do país em jogos do FêCêPê), continuam a comportar-se como simples adeptos – ou associados – do clube em que a única cor é o azul e branco (palavras de João Pinto). Se estão com dúvidas ouçam que diferença faz um golo do Porto e outro do Aves. Para eles, (eles, que são comentadores num canal público) não há cá mariquices, fazerem que são imparciais, esperar que os árbitros estejam sempre bem, mesmo que mostrem um cartão amarelo a um jogador do Porto depois de ter dado três cacetadas (de seguida) num adversário, ou que, duvidem que Aboubakar esteja fora-de-jogo, mesmo que se encontre quatro metros atrás do último defesa. Para estes comentadores de pacotilha (segundo a minha restrita opinião), só existe uma equipa e mora lá para os lados do Dragão. Felizmente que existem coisas que não mudam.
Chegou o Verão em força, com ele os incêndios. Finalmente um ambiente, onde já existe o que noticiar na estação tola. Com os fogos voltam as palavras que não nos vão sair da cabeça até Setembro e, se tivermos azar e as televisões sorte, Outubro. Estas palavras vão ser, “teatro de operações” que designa qualquer zona ardida, a arder ou com sinceras hipóteses de lá chegar. Pronunciar a expressão em causa, mostra sempre que se está por dentro do problema, como o das pessoas que dizem “fazer o antibiótico” em vez do correcto “tomar o antibiótico”, e em que surgem, aos nossos olhos, como muito próximas dos médicos. A outra palavra do momento será “intervenção musculada”. A intervenção musculada é a diferença entre o comandante dos bombeiros dizer “vamos sair para combater um sinistro!” (intervenção não musculada) ou “vamos sair para combater um sinistro, porra !!” (intervenção musculada). De qualquer forma o que fica é o horror do fogo, a fuga das populações, a morte dos animais, a destruição de extensas áreas.
Com o calor as televisões ficam loucas. Outros dia contei meia hora dizendo o mesmo: beba muita água, ponha protector, não saia de casa, aos primeiros sintomas de insolação, tudo repetido, pelo menos dez vezes em cada serviço informativo. Com tudo isto os repórteres fizeram tudo para montar um cenário de alarmismo mesmo crendo, penso eu, de que, estavam a prestar um favor aos portugueses. Todos sabemos que está muito calor, que se bateram recordes, mas que raio, estamos no Verão! Estaremos em presença de alterações climáticas, sim, muito provavelmente e com muita certeza, mas não façamos pior o que já é mau. Tenho a certeza que a “intervenção musculada” das televisões, trouxe mais histeria que benefícios. Eu sei que as televisões vão dizer que o dever de informar está à frente de possíveis consequências dos seus actos e palavras. Mas sabem que fazem mal.

Fernando Proença

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