AVARIAS: Até nem bebo “mines”

Opinião de Fernando Proença

Estou neste preciso momento e como é meu dever, frente à televisão, a olhar os lindos finais de tarde da televisão generalista portuguesa, durante os fins-de-semana. Essas tardes são preenchidas quase na íntegra com música pimba, entrevistas a políticos locais e momentos de lazer com os autóctones, que os tipos das televisões devem considerar uma maçada. Podem perguntar os meus amigos como é que eu consideraria fazer uma tarde de televisão para o povo português: sei mas não digo, além de que não sou pago para isso. A RTP devia ter mais responsabilidades que a concorrência (que, pelos motivos óbvios, não o devia ser), mas isso é coisa que dificilmente se verá nos próximo duzentos anos. Aquilo é uma casa grande, e certamente muito complicada, que mereceria uma aturada e profunda reforma, que nunca se fará. Como sei o que a casa gasta, parti para outros mares. No mar da Sport TV +, passavam imagens do antes de um jogo de futebol. Imagens do aquecimento dos jogadores, das entradas do público na parte de fora do estádio. A segurança, atentíssima revistava tudo, desde malas de senhora, a algibeiras de senhor. Raparigas de aspecto decentíssimo eram desapossadas de garrafas de água. Com toda a certeza seriam formidáveis armas de arremesso contra a equipa de arbitragem. Certo é que o crivo dos seguranças é denso e nada que possa magoar o treinador da equipa visitante passa sob as suas barbas. A questão é que, não necessariamente no estádio que hoje passa na televisão, as claques continuam, para surpresa minha, a entrar com o foguetório habitual. Bengalas (acho que se chamam assim) com luz, fumo e fogo. Não tenho acompanhado muito futebol nos últimos tempos, mas uma vez por outra, dou um olho e não é que vejo fumos coloridos? Será que os seguranças se esquecem de vigiar uma parte das entradas, ou são obrigados a esquecê-las? Ou estarei a usar um argumento completamente desajustado?

Por falar em argumentos: lembrei-me de vos escrever sobre a questão marcante da taxa que vai cair sobre os refrigerantes. Bom, caiu o bar e a cervejaria Trindade (Carmo e Trindade, para JJ) porque o governo (que já não sabe onde há-de ir buscar dinheiro, verdade seja dita, decidiu, sob o manto diáfano do fazer bem com tudo o que nos faz mal, instituir uma taxa sobre as bebidas com açúcar. Eu sei que o cair em cima dos chamados alimentos maus é o porco dos tempos modernos; aproveita-se tudo, e ninguém que o faz fica com problemas de consciência. Até Miguel Esteves Cardoso, que andava muito calado, não resistiu a comparar um pobre que bebe um refrigerante (que paga taxa) a um rico que bebe um tinto de trezentos e tal euros (e não paga). Eu também penso que o vinho devia contribuir para pagar a conta da CGD (e dos seus administradores), mas durante trinta anos a cerveja (que eu quase não bebo, sou, portanto, insuspeito), deu, para aí uns vinte aumentos só em taxas, e ninguém ousou dizer nada em seu favor. Se calhar é tempo de reparar esse erro e dar uma oportunidade ao sumo de cevada.

Fernando Proença

 

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