AVARIAS: Digo eu, parte 3

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Colaboradora. Designer.

Um bocado a destempo, lembrei-me de fazer um movimento de auto-defesa, em relação à perspectiva que invoco nos programas de televisão, sobre os quais escrevo. Quando me queixo do estado da nossa têvê, não o faço respeitando o famoso pensamento do que “…antigamente é que era bom…”, mas desvio-o para a derivação, “…houve um tempo que pensei que, no futuro a TV iria ser melhor e…não foi!”. Aí funcionava um pouco a crença do progresso e das luzes, adaptado aos programadores para tv, jornalistas e similares. Eu, como a maioria dos ocidentais dos anos 60, a certa altura (dos anos 80) pensei que o céu era o limite para a evolução e que no restrito espaço do pequeno (hoje não tão pequeno…) ecrã, se consubstanciaria em melhor programação, independência e mais liberdade. Com tanta coisa boa só faltava sair a sorte grande para todos. Os tempos correram, a televisão democratizou-se – para bem e para o mal – e hoje já chegámos à conclusão (alguns chegaram à conclusão, aceito o contraditório…) que a montanha das aspirações pariu o rato da realidade. E o rato da realidade é feito de notícias manhosas, feitas em comboio; quero dizer a locomotiva puxa pela notícias, as carruagens vão seguindo sem acrescentar um ponto, ou só acrescentando aquando na paragem nalguma das estações do percurso, alguém se lembra de dizer qualquer coisa ao ouvido (ou à janela, se quisermos não descarrilar), que pode até ser falsa ou incompleta. Gostaram da minha associação de ideias? Então arranjem uma melhor. Foi o caso da notícia do quase desastre do avião da Air Astana (um Embraer), que tinha descolado de Alverca minutos antes do sucedido. Nos primeiros dias só ouvi, que o avião este para amarar, que os nossos aviões da Força Aérea (F-16), fizeram um trabalho meritório etc. Mas alguém se terá lembrado de fazer a pergunta dos cento e cinquenta euros (a versão tuga da pergunta do milhão de dólares dos camones)? e que seria, talvez, o que terá vindo fazer um avião Embraer da Air Astana a Alverca? Talvez fazer (na OGMA) a revisão dos quinhentos mil e trocar os pneus da frente? Pode ser brincadeira o que escrevi, mesmo aqui atrás, mas um avião, que apenas transporta dois pilotos e quatro técnicos, não deverá ter vindo a Portugal em serviço de manutenção? Não sei, exactamente, o que se passou, mas talvez não tivesse sido má ideia perguntarem o que terá acontecido para (se o que eu escrevi é verdade) uma aeronave ter saído do estaleiro e ter, quase imediatamente a seguir, ficado sem comandos. Ou seja, na melhor das hipóteses uma monumental barracada. Talvez que, aqui, o interesse nacional tenha falado mais alto para todos se calarem: um problema com as OGMA, pode dar um rude golpe na nossa fama de competência a tratar de aviões. Se foi a OGMA que pediu silêncio, em nome de um interesse nacional superior, posso dar o meu meio benefício da dúvida. Se não foi o caso, o que andaram a fazer os jornalistas? A escrever sobre a prisão de Bruno de Carvalho?

Fernando Proença

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