Avarias: Dois breves pontos

A televisão dita normal – duzentos e cinquenta canais disponíveis dos quais apenas se veem, no máximo trinta – está nestas alturas em estado catatónico e por isso, tirando uma ou outra série que alguém não viu na altura em que passou, as novidades chegam de uma ou outra notícia bombástica (principalmente quando nos chega da Síria) e do desporto.

Os jogos olímpicos estão na calha e há poucas coisas melhores que, estendido num sofá, olhar o atletismo, a natação e o que mais houver. Por agora o Avarias está razoavelmente interessado no – à data em que escrevo – europeu de futebol. Estive, sem atenção particular, a ver o Inglaterra – Ucrânia a perceber como se comportam as equipas que estão a perder por quatro a zero (a Ucrânia, no caso vertente) a um quarto de hora do fim. Pois aquilo corre como se os europeus do Leste estivessem a ganhar por quatro a zero aos setenta minutos de jogo: bola de pé para pé, no sentido da largura do campo, muita – como dizem agora – posse, uma calma dos diabos, como se não existissem balizas. E acima de tudo demostrando uma confrangedora falta de sangue no corpo, dos jogadores, de treinador ou dos dois em simultâneo.

É um aborrecimento geral este futebol em que todas as equipas jogam igual e a única diferença está na qualidade dos jogadores: toda a gente em vinte metros e os mesmos princípios de jogo, por muito que os treinadores façam a apologia do “ADN da equipa”. Os lusos não andam bem apesar da cagança e fé geral. A equipa é muito desequilibrada e o nosso mau meio campo, onde o melhor chega a ser João Moutinho, hoje um jogador sofrível de uma equipa de segundo nível europeu, explica muitos dos problemas.


“Killing Eve” (segundas-feiras no amc) é uma boa série britânica no meio do lixo que nos vai inundando, porque tem as medidas certas de humor, suspense e escrita escorreita. Existe uma vilã, Villanelle (com cara de anjo, que se desconhece para quem trabalha, gente certamente muito má), interpretada por Jodie Comer que mata tudo o que mexe e a sua arqui-inimiga Sandra Oh aka Eve Polastri, agente do MI6, pouco considerada internamente, mas que vai aqui, fazer um vistaço. Da vilã, sabe-se muito pouco que complemente o seu carácter desapiedado, mas presumo que ao longo da temporada teremos novos desenvolvimentos que nos farão entendender para que lado as raparigas seguem.

Às vezes entediam-me as séries de espionagem (muita informática; os efeitos especiais deste ramo) cheias de uma confusão generalizada e propositada para que não se entenda peva de causas e efeitos, e que tem como consequência que um gajo impaciente, como eu, quando passam séries de espionagem parvas, desliguem. Andei a ler umas coisas sobre a série e descobri, que na quarta temporada por via de um menor peso dado à personagem interpretada por Sandra Oh, o povo quase pegou em armas. Resta dizer que Sandra Oh é de origem asiática e terá havido então acusações de racismo à mistura. Vivemos assim em trincheiras, à procura de tudo o que possa configurar desrespeito por uma qualquer identidade. Estamos feitos…

Fernando Proença

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