AVARIAS: É a vida!

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Colaboradora. Designer.
  1. Lembro-me de uma fraude informática, protagonizada, há uns quinze, vinte anos (?), pelo, na altura, funcionário de uma agência bancária inglesa, salvo erro na filial de Hong Kong. Não assaltava a caixa forte, não entrava ao serviço, disfarçado com um fato-macaco e uma máscara. Apenas, durante um certo tempo retirava o equivalente a um cêntimo de cada uma das contas, do banco ou das que ele tinha acesso no banco, que a falta de memória não perdoa. Tudo somado daria para um pé-de-meia capaz de comprar uma bela de uma reforma. Infelizmente, para o empregado, o banco deu com a tramoia e lá foi bater com os costados na cadeia.

2. Tenho na memória as capas dos jornais (principalmente vespertinos) junto das portas das tabacarias nos idos anos sessenta, setenta e oitenta: tudo era uma novidade. Agora, como hão-de querer que leiamos jornais, se logo no final do dia, os serviços noticiosos nos mostram as primeiras páginas de todos os que estarão disponíveis no dia seguinte? Numa delas (penso que no “JN”), li qualquer coisa como, “Nova gestão da Caixa Geral de Depósitos cobra aos seus clientes mais setenta e tal por cento desde dois mil e dezassete”. Ou seja, fazendo fé no que nos conta um dos principais jornais tugas, a CGD, mais o seu sempre espectacular gestor Paulo Macedo, faz um vistão nas contas, com um ou outro subsídio que arranca ao Estado, mais o saque que, de uma forma, diríamos, enviesada mas absolutamente legal (a legalidade tem as costas largas), faz à enorme massa dos seus clientes, principalmente os reformados. Juntam-se a essa habilidade, as reformas antecipadas e o fecho de agências: ou seja, para sanear economicamente o banco, o tal gestor conhecido pelas suas posições arriscadas e inteligentes, fez o que qualquer um de nós faria, mas aqui, por muitos milhares de euros a mais do que nós receberíamos para fazer exactamente o mesmo. Passem-me (a mim a vários milhares de portugueses) a vaca e o peixe (como diria JJ) para a mão e farei tudo direitinho – para o ano sobem os lucros e o futuro é risonho – e a preço de saldo. E ainda fico com a fama de ser um gestor de topo.

3. O que a administração da CGD faz, junto aos seus clientes (muitos deles empurrados pelos serviços públicos que trabalham com o banco), não se afasta muito da estratégia do funcionário do tal banco inglês; ir rapinando, pouco a pouco, aqui e além, cêntimo a cêntimo nas contas de cada um dos clientes, com a enorme diferença que estas acções estão respaldadas pelas letras pequenas dos contratos que todos assinamos sem ler. E mesmo que estejamos de binóculos não nos vale de muito: ou aceitamos as condições do banco – onde só temos deveres e eles direitos, com os de inventar comissões e subir estratosfericamente outras – ou corremos para a concorrência. Que geralmente afina pelos mesmos padrões. Mas aí estamos a falar de banca privada.

Fernando Proença

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