AVARIAS: E agora José?

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Se eu fosse um gajo lixado (o que é completamente mentira), podia lembrar-lhes que há coisa de três ou quatro anos escrevi um artigo em que expunha a minha seguinte visão: um dia, num futuro mais ou menos distante José Mourinho a ser transportado para o interior de uma ambulância, manietado dentro de uma camisa de forças e a gritar, com toda a força, “sou o melhor do Mundo, sou o melhor do Mundo!!”. Por mais ou menos palavras queria dizer, que, mais cedo ou mais tarde, o enorme ego do treinador português lhe ia pregar uma partida das boas. Engano-me em mais coisas do que devia, e espero (objectivamente neste caso particular) continuar a rematar ao lado, mas tenho a impressão que a auréola de Mourinho se foi de vez, e já não volta. Pode voltar a ganhar campeonatos, a ter boas equipas, mas houve alguma coisa que se partiu por alturas do Real Madrid, se não estou em erro. Ou partiu-se antes (no Chelsea) e eu não tinha dado por isso. Lembrei-me do Real, com aquela ideia (mais que certa) que qualquer português tem que valer por dois espanhóis, para que eles digam que vale metade, mas se calhar é um erro de paralaxe. Ainda a propósito da actual desdita (o United não levanta uma), dizia-me um amigo que hoje “ninguém ensina ninguém a jogar à bola todos saem mais ou menos estandardizados das academias e clubes de formação”. Um treinador de futebol tem que ser, antes de mais, digo eu, um “condutor de homens, muita psicologia, treino de livres e cantos”. Mourinho sempre foi um “engenheiro de almas” do balneário, lê bem o jogo, mas não é o único homem inteligente sobre a Terra (embora pense o contrário). Outra questão, talvez a mais importante, é que não perdia muitas vezes, logo não era submetido às duras provas dos treinadores comuns (comunis treinamentis), que estão sempre relacionadas com a forma como gerem as derrotas. Para isso desenvolveu um modus operandi próprio: nos primeiros tempos era um mártir, tomava as dores de parto dos outros como dele se tratassem. O jogador ia para o olho da rua com dois amarelos, mas quem ia para a rua era o José. O jogador saia do treino mais cedo por que tinha dado uma pantufada num colega, mas quem saía mais cedo era o Mourinho que dava a pantufada e ainda sentia o osso do outro. Depois, e sem quase se dar por isso, as coisas foram mudando, os jogadores já eram culpados de uma coisa ou outra, para, agora, o deboche ser completo. Mourinho desculpa-se com tudo, queixa-se de tudo e numa equipa que custa milhões, diz esperar que todos se ponham na alheta só porque não têm a qualidade que viu neles, quando jogavam noutros clubes. Ainda por cima o United mete nojo a jogar à bola. Não sei onde José vai acabar, mas parece-me que a grande carreira pode ter já tido o seu máximo. Um dia destes ainda o veremos (mais cedo do que pensávamos possível) a bater à porta da nossa selecção, a aproveitar o cansaço de Fernando Santos. E nessa altura preparemo-nos para mais birras.

Fernando Proença

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