AVARIAS: E agora para algo completamente diferente

Fotógrafos portugueses decidiram formar um grupo (para o Instagram, penso eu de que), que se chama EverydayCovid, onde se pretende dar a conhecer instantâneos fotográficos, sobre o vírus da moda e a forma como nos afecta. Tudo bem, cada um faz o grupo que quer, sobre o que seja, a tirar fotografias ou macacos do nariz, mas não podiam ter dado um nome português à colectividade? Tempos difíceis exigem soluções actuais, dirão. E a verdade é que actualmente não se pode criar um festival de música em Alguidar-o-Velho que não se chame “Oldbowl Sound”, ou coisa parecida (desde que seja em inglês). Sabemos tudo sobre a questão das oportunidades que algum destes fotógrafos pode ter, se uma das suas fotos vier a cair no goto de quem, por esta altura, enxameia o espaço da internet. Mesmo assim, ainda penso que – quase – tudo não passa de uma questão de peneiras, para ver se passam por ingleses, americanos ou otomanos (tudo o que mexa, menos ser português). Mas, sendo ingleses, deviam saber que fazer vida de fotos premiadas no espaço da net, é uma empresa quase igual a jogar no euro milhões e ganhar!


Por falar em cagança: ainda ontem, ouvi numa estação de rádio que uma emissão, (via Skype, se não estou em erro), que procura ser como um concerto feito a partir de casa e passar no rádio, obviamente com um nome em inglês (ver o primeiro parágrafo), vai ter um curador. Hoje, para pensar um programa de rádio, ou organizar uma exposição de pintura com vinte quadros de um qualquer artista de plástico já não se pensa num “organizador” (se o produto for popular, ou de um nível geral médio) ou “comissário” (uma coisa melhorzinha), mas na figura do tal “curador”. Quando se cansarem de “curador”, exactamente pelo uso excessivo e incontrolado da palavra, usarão outra designação qualquer, mas sempre mais no sentido ascendente: não sei se estão a ver a minha ideia…


Estamos todos um bocado entalados com o coronavírus. Não sabemos o que nos espera, além de que não temos nenhuma certeza que, mesmo fazendo tudo o que nos pedem, passaremos ao lado da doença e, em última instância, da morte. Mesmo olhando para os noticiários, quaisquer que eles sejam, não temos (pela primeira vez, pelo menos na minha vida) hipótese da fuga para a frente. Não há desporto (aparentemente só o campeonato da Bielorrússia vai de vento em popa: atenção Sportv!), Venezuela ou Ambiente que nos tragam descanso à cabeça. É coronavírus do princípio ao fim, mortos, infectados, testes (que aqui convém que sejam negativos), números, números e mais números. Claro que este rolo compressor tinha que dar maus resultados. Os números são dados (provavelmente não há outra forma de o fazer…), como se de um campeonato se tratasse. Outro dia, o jornalista da RTP2, João Fernando Ramos, habitualmente sereno e equilibrado, apresentou o número de infectados dizendo que “o pódio vai para a Itália”, que é uma forma talvez um bocadinho precipitada de ver o problema. Mas quem sou eu?

Fernando Proença

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