AVARIAS: Estação tonta, parte 2

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Primeiro, João Félix: ainda não tinha duas semanas em Espanha e já o vi e ouvi a expressar-se num muito razoável castelhano, durante uma entrevista para a televisão. Não se tratava de uma perfeição, como se o João fosse um Cervantes ou um Paulo Futre, mas o rapaz já arranha a coisa. A minha pergunta é, por que carga de água, Lopetegui, Lotepegui, Poletegui, Casillas e restantes espanhóis podem estar dois meses, um ano, dois anos, em Portugal, que só conseguem perceber (falar, só ao fim de vinte anos sob ameaça de uma arma) uma frase, quando ela é feita num espanhol perfeito e um tuga, fala logo espanhol ainda não pôs os dois pés no país do lado. Se souberem a resposta guardem-na, ainda vão ganhar dinheiro.


Segundo, Sá Pinto e a Ryanair: no Sábado, três de Agosto não se viu ou ouviu outra coisa. A notícia (que como convém, vinha com vídeo a acompanhar) não tem pés nem cabeça e só viu a luz do dia porque vem do lado de Sá Pinto, o homem que um dia, deu um soco ao seleccionador nacional da altura, porque este não o convocou para um jogo. O Braga emitiu um comunicado a dizer que o jogador tinha que esticar a perna, tudo por causa de inúmeras lesões que acumulou, certamente para o desenrascar. Que o chefe de cabine foi agressivo, que uma senhora membro da tripulação foi agressiva. E que Sá Pinto, comprou um bilhete para a frente para esticar a perna, processando a companhia, cujos funcionários chamaram as autoridades, que puseram o mesmo Sá Pinto no olho da rua. As perguntas que podem fazer são: quem é que está mais longe da verdade, Sá Pinto ou a companhia de baixo custo? Se Sá Pinto comprou um bilhete por causa de esticar a perna qual foi o problema; não o deixaram esticá-la, não o puseram no lugar que comprou ou ele estirou a perna em direcção a um lugar que não vinha especificado no livro de estilo da Ryanair? Qual a razão de uma tontice destas, aparecer no horário nobre das nossas principais televisões, assim sem se saber quem fez o quê? E sem nada esclarecer?


Terceiro, incêndio num apartamento em Beja: um morto, uma senhora que foi, por precaução, enviada ao hospital da cidade porque não conseguiu sair de um apartamento, vizinho ao acidentado, pela escada de salvação e entrou em stress pós-traumático e, por fim, um bombeiro que teve que receber assistência por inalação de fumo. Resultado final, para a nossa RTP; um morto e dois feridos. Uma pessoa que fica em pânico e um homem com falta de ar são, agora, talvez segundo um moderno protocolo, feridos? Feridos onde? No braço? Na perna direita? Feridos leves, como agora se diz e não ligeiros, como se deveria dizer? Qual é o contrário de um ferido leve, um ferido pesado? Afinal estamos na estação tonta, o que para os nossos canais cada vez se estende mais ao longo do ano.

Fernando Proença

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